Abusos? "Confio que a Igreja saiba superar esse problema, agindo"
Augusto Santos Silva considerou que o escândalo que envolve o abuso sexual de menores "assolou" a Igreja Católica Portuguesa.
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Política Abusos na Igreja
O presidente da Assembleia da República demonstrou, este sábado, confiança num "virar de página" no âmbito do escândalo de abusos sexuais na Igreja Católica.
"Confio que a Igreja saiba superar esse problema, agindo", referiu Augusto Santos Silva, em declarações aos jornalistas, no âmbito de uma visita a Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, acrescentando: "Há várias propostas, quer do Interior da Igreja, quer da Comissão Independente. Julgo que os responsáveis vão tomar as medidas necessárias para que a página possa ser virada".
A polémica sobre os abusos sexuais na Igreja têm vindo a ser acentuada à medida que a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica revelou informações - não só testemunhos como os nomes de alegados agressores - e algumas dioceses suspenderam padres na lista apresentada que ainda estão no ativo, e outras não.
Durante a sua intervenção, o responsável socialista sublinhou ainda que existe uma distinção. "Faço uma distinção fundamental, que é entre as instituições e os problemas que circunstancialmente as instituições sofrem. A Igreja Católica Portuguesa é uma instituição muito importante no nosso país - não só, mas em particular. Como representante de um Estado laico, reconhece-o. Não tendo que entrar nos aspetos confessionais, que não me compete a mim considerar", rematou.
Santos Silva frisou ainda que os "abusos sexuais de crianças são uma coisa horrível" e que este "escândalo horrível" deixou a Igreja "assolada".
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.
Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão.
No relatório, divulgado em fevereiro, a comissão alertou que os dados recolhidos nos arquivos eclesiásticos sobre a incidência dos abusos sexuais "devem ser entendidos como a 'ponta do iceberg'" deste fenómeno.
A comissão entregou aos bispos diocesanos listas de alegados abusadores, alguns ainda no ativo.
Nos últimos dias, várias dioceses anunciaram a suspensão de sacerdotes, enquanto decorrem investigações sobre alegados casos de abuso por eles praticados.
[Notícia atualizada às 20h09]
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