PCP diz que "recursos públicos não podem ser tapa buracos da especulação"
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, defendeu hoje que os "recursos públicos não podem ser o tapa buracos da especulação" e considerou que estão a pairar "novas nuvens negras" sobre o setor financeiro.
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Política Especulação
Na abertura de uma audição 'online' com trabalhadores do setor financeiro, Paulo Raimundo advertiu que, "fruto da especulação e da corrupção inerentes ao funcionamento do capitalismo", estão a pairar "novas nuvens negras" sobre esse setor.
Para o secretário-geral do PCP, esta situação "obriga a relembrar que setores com esta dimensão estratégica são demasiado importantes para estarem nas mãos dos grupos monopolistas".
"Não podemos continuar eternamente a viver uma situação em que se privatizam os lucros e se nacionalizam os prejuízos: os recursos públicos não são, não podem ser, o tapa buracos da especulação, com prejuízos imensos para o público e para o país", defendeu.
Paulo Raimundo referiu que o setor financeiro é marcado por "duas realidades", começando por destacar a ideia segundo a qual se está a assistir a uma "brutal acumulação dos lucros por parte dos grupos económicos como há muito não se via".
Ao mesmo tempo, defendeu o dirigente comunista, assiste-se também ao "agravamento da exploração laboral, à desvalorização do valor real dos salários, à precariedade, a despedimentos, à redução de trabalhadores e encerramento de balcões".
O líder do PCP considerou que já passou o tempo em que trabalhar na banca ou nos seguros era uma profissão associada a níveis salariais acima da média, ou com possibilidades de carreira e uma profissão que era socialmente valorizada.
"As políticas ao serviço dos grupos económicos levaram a uma crescente concentração, à liberalização do setor, a privatizações, a sucessivas alterações às leis laborais, a limitações à organização e intervenção sindical, a novas formas de exploração", enumerou.
Segundo Paulo Raimundo, imperam no setor "os horários desregulados, as centenas de horas trabalhadores em prestação de serviços, a desvalorização da contratação coletiva em resultado da caducidade".
"Sem desvalorizar a instalação de bancos estrangeiros em Portugal - como é o caso da BNP Paribas, que emprega milhares de trabalhadores -, o que a realidade demonstra todos os dias é um caminho de não crescimento do setor, mas sim de encerramento de balcões, desertificação do território e redução do número de trabalhadores", destacou.
Neste contexto, Paulo Raimundo referiu que a luta dos trabalhadores do setor financeiro por melhores salários é "justa e necessária", reiterando que a melhoria dos rendimentos é uma "emergência nacional".
"O agravamento do custo de vida - com a inflação que, em 2022, superou os 8%, com a subida significativa dos preços já em 2023 - coloca na ordem do dia a emergência nacional dos aumentos de salários, uma exigência, uma necessidade, uma luta que vai crescendo e se alarga", indicou.
No final desta audição, que durou cerca de duas horas e contou com 17 intervenções, Paulo Raimundo salientou que os testemunhos comprovam que "os grupos económicos, a partir dos seus instrumentos também políticos", conseguiram impor "os objetivos que tinham do ponto de vista do aumento da exploração".
Apesar disso, o dirigente comunista salientou como ponto positivo da audição de hoje que existe "motivação e determinação" para responder a essas dificuldades e advertiu que a "banca e as seguradoras não irão abdicar" da atual situação.
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