"O Chega decidiu hoje formalmente questionar os vários ministros sobre audições que decorreram no parlamento ao longo dos últimos meses para saber se houve ou não reuniões preparatórias com essas entidades onde houvesse condicionamento ou qualquer espécie de preparação da sua presença no parlamento", anunciou André Ventura numa mensagem em vídeo.
O líder do Chega detalhou que o partido vai questionar os ministros das Finanças, Fernando Medina, da Administração Interna, José Luís Carneiro, da Presidência, Mariana Vieira da Silva, e da Justiça, Catarina Sarmento e Castro.
Em causa, segundo André Ventura, estão audições como a do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, ou da provedora de Justiça, Maria Lúcia Amaral, mas também de entidades como a que acompanha a execução dos fundos comunitários, o Tribunal de Contas ou o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Ventura considerou que a revelação, na comissão de inquérito à TAP, de que a presidente executiva da companhia aérea se reuniu com deputados socialistas e assessores governamentais na véspera de uma audição parlamentar criou um "clima de suspeição".
"É preciso saber se houve outros casos como este da TAP em que os senhores ministros, ou o Grupo Parlamentar do PS, tomou a iniciativa de preparar, agendar ou organizar reuniões prévias preparatórias", frisou.
Nesta mensagem, André Ventura anunciou também que o Chega pediu uma reunião, com caráter de urgência, ao presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, para "saber precisamente o modelo e a forma como podem ser fiscalizadas estas situações" e evitar que voltem a acontecer.
"O presidente da Assembleia da República tem o dever fundamental de não permitir que isto volte a acontecer, pois coloca em causa a idoneidade do parlamento, a sua independência e eficácia em termos de trabalho de fiscalização", acrescentou.
Na terça-feira passada, a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, confirmou uma denúncia da Iniciativa Liberal (IL) sobre a reunião com o grupo parlamentar do PS, na véspera de ir ao parlamento, em janeiro, dar explicações sobre a indemnização à ex-administradora Alexandra Reis.
O deputado Bernardo Blanco, da IL, quis saber se naquela reunião houve alguma combinação de perguntas e respostas, nos esclarecimentos a dar à Assembleia da República, ao que a gestora disse não se recordar.
"Penso que a ideia era fazerem perguntas sobre o processo e eu respondi a essas perguntas", disse a ainda presidente executiva, acrescentando que, segundo a sua agenda, não estavam membros do Governo presentes na referida reunião, mas sim assessores e chefes de gabinete de membros do Governo.
Questionada sobre de quem partiu a iniciativa de realizar a reunião, Christine Ourmières-Widener disse que, se bem se recorda, partiu do gabinete do Ministro das Infraestruturas, que na altura já era João Galamba.
Em dezembro, Alexandra Reis tomou posse como secretária de Estado do Tesouro, tendo então estalado a polémica sobre a indemnização que recebeu quando saiu da companhia aérea detida pelo Estado, levando a uma remodelação no Governo, incluindo a saída de Pedro Nuno Santos, que foi substituído por João Galamba.
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