Previsões de Bruxelas? PSD lembra que "as pessoas não comem estatística"
O deputado do PSD Duarte Pacheco defendeu hoje que existe "cada vez mais" uma "dessintonia entre o Governo e os portugueses", argumentando que "as pessoas não comem estatística" e uma coisa são números e "outra é o dia-a-dia".
© Global Imagens
Política Duarte Pacheco
Em declarações à agência Lusa, o deputado social-democrata reagia ao facto de a Comissão Europeia ter revisto em alta a projeção de crescimento da economia portuguesa para este ano, para 2,4%, a terceira maior taxa da zona euro, prevendo também que o défice português diminua para 0,1% este ano, o menor da zona euro.
"Nós somos portugueses e, portanto, aquilo que seja apresentado por qualquer instituição como positivo para Portugal, ficamos satisfeitos, naturalmente. Outra coisa é ficarmos embriagados, isso não ficamos. Porquê? Porque as pessoas não vivem de estatísticas e há cada vez mais uma grande diferença entre o país que os portugueses sentem e o país das estatísticas", sustentou.
Duarte Pacheco salientou que "o país que as pessoas sentem" atravessa dificuldades na saúde, educação, justiça ou no setor da agricultura.
"As pessoas não comem estatística, as pessoas não se tratam com estatística, as pessoas não aprendem com estatística, as polícias utilizam carros e não estatísticas para se movimentar e os carros estão parados por falta de reparação. Estamos cada vez mais com dois países diferentes: o da estatística e o da realidade", disse.
Para os sociais-democratas, "há uma dessintonia entre o Governo e os portugueses" porque "as pessoas percebem que uma coisa são as estatísticas -- e se elas são positivas, melhor -- e outra coisa é o seu dia-a-dia que está cada vez pior".
O deputado ressalvou que "é melhor ter contas equilibradas do que não as ter" e "é melhor crescer do que estar com uma economia estagnada", mas insistiu na ideia de "dessintonia" e respondeu ao primeiro-ministro, António Costa, que afirmou hoje que as previsões económicas da Comissão Europeia são uma boa notícia para Portugal, mas advertiu que é preciso "continuar a pedalar" para a economia portuguesa manter a sua trajetória.
"O primeiro-ministro está a pedalar mas não é numa bicicleta de estrada, está a pedalar naquelas bicicletas do ginásio, em que pedala, pedala, pedala, mas não sai do mesmo sítio. Até pode estar a gastar muitas energias, até pode ficar mais elegante, só que não é isso que é relevante para os portugueses. O que é relevante é que os problemas do dia-a-dia fossem resolvidos", insistiu.
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