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Sai Catarina, entra Mariana para "resgatar o país deste jogo vicioso"

Durante o seu longo discurso, que foi saudado com uma ovação em pé, a nova coordenadora do Bloco de Esquerda assumiu que o compromisso do partido será "a luta pela vida boa", vida essa "que não seja consumida pelo esforço inglório do mínimo dos mínimos".

Sai Catarina, entra Mariana para "resgatar o país deste jogo vicioso"
Notícias ao Minuto

08:44 - 29/05/23 por Daniela Filipe

Política Bloco de Esquerda

Mariana Mortágua foi eleita líder do Bloco de Esquerda (BE), durante a XIII Convenção Nacional do partido, no domingo, tomando o lugar de Catarina Martins. A bloquista tomou o pódio com uma vitória expressiva, tendo arrecadado 67 dos 80 mandatos no órgão máximo do BE entre convenções, enquanto a moção adversária, de Pedro Soares, amealhou apenas 13. A nova líder assumiu-se preparada para "resgatar o país deste jogo vicioso" que atribuiu à maioria absoluta do Partido Socialista, além de ter inaugurado um novo ‘slogan’ para o BE: "A luta pela vida boa".

Durante o seu longo discurso, que foi saudado com uma ovação em pé, a nova coordenadora do BE assumiu que o compromisso do partido será "a luta pela vida boa", vida essa "que não seja consumida pelo esforço inglório do mínimo dos mínimos, que é ter uma casa, um salário decente, cuidados na doença, quando tivermos filhos, quando a idade pesar aos nossos pais".

Mortágua prometeu ainda não deixar "a política entregue ao calculismo nem a esse pântano em que verdade e mentira se confundem", apontando que "é precisamente quando a vida pública se degrada que é mais preciso mostrar que no BE a política é e sempre será o lugar das causas e das convicções".

Dedicando palavras de afeto à irmã, Joana Mortágua, e ao pai, Camilo Mortágua, a nova líder no BE não deixou de saudar Catarina Martins e a sua "força imparável", que "provou ser a melhor".

"Podes ter a certeza, Catarina, que contamos contigo para todos os anos que estão para vir", disse, apontando ainda a mira a adversários políticos e às "perseguições da extrema-direita ou [de] um magnata da comunicação social", numa referência à polémica em que se viu mergulhada com Marco Galinha, CEO da Global Media Group.

Na verdade, no final de abril, Mariana Mortágua, assumiu, no seu espaço de comentário na SIC Notícias, ser alvo de "perseguição política" por ser uma "mulher de esquerda", "filha de um resistente antifascista", e uma "mulher lésbica", mas ressalvou estar "preparada para tudo".

E, "preparada para tudo", a bloquista não deixou de lançar farpas ao Governo de António Costa, dando conta de um "país humilhado com decisões arbitrárias, questiúnculas grotescas, em que a política é gerida ao sabor de aprendizes de feiticeiro e 'spin doctors'", assumindo ainda ambicionar "resgatar o país deste jogo vicioso".

"As patologias do poder tornaram a política num triste entretenimento. A esquerda tem que saber olhar para o essencial", disse, indicando que pretende ser oposição do PSD na Madeira e, na Europa, ser "a terceira força para ultrapassar o Chega e a IL, enfrentando as alianças europeias da extrema-direita".

Enquanto Costa e Tavares apelam a "convergência", Ventura denuncia "o pior que a política tem"

O primeiro-ministro, António Costa, felicitou Mariana Mortágua pela eleição, no domingo, adiantando esperar um "diálogo construtivo e uma ação comum para o progresso de Portugal e a melhoria da vida dos portugueses".

Por seu turno, Rui Tavares, que fez parte da representação europeia do Bloco de Esquerda antes de fundar o Livre, em 2014, elogiou o partido "pela sua convenção e pela determinação renovada nas causas de progresso, justiça e igualdade", além de desejar "um abraço", a Catarina Martins e a Mariana Mortágua pela "certeza de que continuaremos a ter bons motivos de convergência pela esquerda e pela democracia".

Já André Ventura, líder do partido de extrema-direita Chega, considerou que o BE elegeu "o pior que a política tem", atirando que, "além da apropriação ilegal de dinheiro público (que teve de devolver), Mortágua tem um profundo ódio às empresas e aos empresários, desprezo pelos portugueses comuns e uma obsessão doentia com minorias".

Recorrendo à rede social Twitter, o responsável acusou ainda que "a nova coordenadora do Bloco foi eleita, em congresso, de mão no ar, sem votação secreta", o que é "nulo e ilegal". "Se fosse no Chega, o que já estaria a ser dito? Que alarmes já teriam soado?", questionou.

Joana Mortágua denunciou, entretanto, que o BE teve "as urnas abertas durante dois dias", apontando, inclusivamente, que as televisões mostraram "a Mariana a votar em urna".

"Viram a malta a votar as moções e começaram a dizer que elegemos a Mesa Nacional de braço no ar. Tivemos as urnas abertas durante dois dias mas isso não interessa nada. Santa paciência para levar com gente burra e mentirosa", disse, incluindo uma imagem do tweet do líder de extrema-direita.

A XIII Convenção Nacional do Bloco de Esquerda decorreu este fim de semana, tendo sido marcada pela despedida de Catarina Martins. Mortágua era a grande favorita a suceder ao cargo, o que foi confirmado no domingo.

[Notícia atualizada às 14h52]

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