PCP acusa Governo e PSD de obedecerem ao BCE apesar de "fingirem arrufos"
O secretário-geral do PCP acusou hoje o Governo e PSD, Chega e IL de obedecerem ao Banco Central Europeu (BCE) apesar de "fingirem arrufos", apelidando-os de "comissão de serviço de proteção e defesa dos interesses dos grupos económicos".
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Política PCP
Num discurso na tribuna pública "Pelo direito à habitação, baixar as prestações ao banco e as rendas", organizada pelo PCP em Lisboa, Paulo Raimundo acusou o BCE de ser "completamente indiferente" ao "drama, mensal e diário", que cria na vida de "milhões de pessoas" quando decide aumentar as taxas de juro.
"É ver, em contraste com esta realidade, a cara de satisfação dos banqueiros: uns sorriem com os seus 85 milhões de euros de lucros, outros à gargalhada em cima dos 180 milhões e há ainda quem se rebole no chão de tanto rir com os seus 215 milhões de euros de lucros só no primeiro trimestre deste ano", referiu.
Para o dirigente do PCP, o facto de haver "milhões de pessoas apertadas" enquanto há "milhões de euros nos cofres da banca" é a consequência "das opções do BCE, das ordens da União Europeia (UE) e da submissão do Governo, apoiado por PSD, CDS, Chega e IL".
"Bem podem vir todos agora fingir arrufos com o BCE, mas a verdade é que todos eles não só estão dispostos a seguir as diretivas, como estão disponíveis para as concretizar e ainda por cima com entusiasmo", criticou.
Paulo Raimundo considerou que "não deixa de ser curioso" que, após "as palavras rijas e em voz alta" do primeiro-ministro e do presidente do PSD contra Christine Lagarde, o PS e a direita tenham rejeitado propostas apresentadas pelo PCP que "enfrentavam o BCE e defendiam e salvaguardavam as pessoas".
"É caso para dizer que as palavras foram rijas e em tom determinado, mas depois veio o vento, viu-se o que se viu, e lá foram as palavras", afirmou, acusando o PS, PSD, Chega e IL de estarem "a cumprir o seu papel de comissão de serviço de proteção e defesa dos interesses dos grupos económicos" ao chumbarem as propostas do PCP.
Entre essas propostas, o secretário-geral destacou a necessidade de "pôr os lucros da banca a suportar as subidas da taxa de juro", obrigar a Caixa Geral de Depósitos a impor um 'spread' máximo de 0,25% no crédito à habitação ou limitar o valor das rendas nos novos contratos.
O líder comunista defendeu que essas são algumas das "medidas que se impõem", criticando o pacote "Mais Habitação" do Governo, que considerou ser propaganda.
"Semanas e semanas a discutir falsas polémicas, passando ao lado do essencial, e, passado todo este tempo, o programa 'Mais Habitação' é exatamente aquilo que nós dissemos que iria ser: mais transferências de meios e recursos públicos quer para a banca, quer para os fundos imobiliários", afirmou.
O secretário-geral do PCP considerou que "não é disto que o país precisa", mas antes de "um Governo que faça frente ao BCE e à UE" e que não "seja o mordomo dos interesses da banca e dos grupos económicos".
"Um Governo que em vez de desculpas e pretextos, que servem sempre para justificar o empobrecimento de amplas camadas da população e concentrar os lucros nos grandes grupos económicos, faça frente às opções da UE, defenda os interesses do povo e do país", referiu.
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