"Olhem para os Açores. Olhemos todos para os Açores quando queremos falar de entendimentos com outras forças políticas e quando me falam do Chega ou da Iniciativa Liberal. Porque a Iniciativa Liberal e o Chega foram experimentados nos Açores e, à primeira contrariedade, o que fizeram foi bater a porta e mostrar-se disponíveis para devolver de novo o poder ao PS", afirmou Nuno Melo.
"Pensem, por isso, no que está em risco quando forem votar", sublinhou o líder centrista, que falava perante mais de uma centena de militantes e apoiantes no jantar de comemoração do 49.º aniversário do partido, que este ano se realizou na Madeira.
Nuno Melo afirmou que "votar certo" nas eleições legislativas regionais de 24 de setembro é "votar nos partidos confiáveis" e "é não deixar a região na instabilidade de partidos imaturos, pouco credíveis e pouco confiáveis".
O presidente do CDS-PP ressalvou, ainda assim, que respeita a autonomia e que a resposta sobre eventuais acordos com aqueles dois partidos "tem de ser dada pelo CDS/Madeira".
O centrista realçou igualmente que o partido não faz parte do atual executivo regional, de coligação PSD/CDS-PP, "por favor", mas sim "por valor".
E acrescentou que "hoje o CDS-PP avança para uma coligação pré-eleitoral" nas eleições legislativas regionais "precisamente porque tem para apresentar obra feita".
No seu discurso, Nuno Melo também não poupou nas críticas ao "PS de António Costa", acusando-o de ser "adversário das autonomias cada vez que o PS não manda nelas".
"Porque o doutor António Costa é adversário de qualquer coisa que o PS não controle", disse, acrescentando que o primeiro-ministro e secretário-geral do partido "não perdoa que, ao longo de todos estes anos de democracia em Portugal, os madeirenses nunca tenham apostado no socialismo para lhes governar o destino".
"Nós, no CDS, achamos que é tempo do doutor António Costa deixar de governar país, mas é tempo também de o CDS estar na Assembleia da República para, ou apoiar um governo do qual faça parte, ou para fazer uma oposição decente se por acaso a esquerda ganhar de novo o poder", salientou.
Para Nuno Melo, "falar do estado da nação, ou do estado da deceção, é falar da substituição de 13 governantes" num Governo com "16 meses de vida".
"Isto não é normal em nenhuma parte do mundo", defendeu o líder centrista, lamentando que, "cada vez que é chamado para dar explicações sobre essas substituições", o primeiro-ministro não o faça.
Por seu turno, o líder do CDS-PP/Madeira, Rui Barreto, fez uma retrospetiva à última legislatura, que termina este ano, procurando marcar as diferenças entre a região autónoma e o continente.
"Na Madeira vive-se normalidade, no continente vive-se instabilidade", afirmou, dando como exemplo os problemas nos transportes, na educação e nos serviços públicos, que considerou não existirem na região autónoma.
Para o também secretário regional da Economia, do Governo madeirense de coligação PSD/CDS-PP, o executivo insular tomou "decisões corajosas" numa legislatura "atípica", marcada "por uma crise de saúde pública, social e económica".
Nas eleições regionais de 22 de setembro de 2019, o PSD perdeu pela primeira vez a maioria absoluta na Assembleia Legislativa Regional da Madeira, elegendo 21 deputados num total de 47, com cerca de 40% dos votos, e formou um Governo de coligação com o CDS-PP.
Nesse ato eleitoral, num círculo único, concorreram 16 partidos e uma coligação que disputaram os 47 lugares no parlamento madeirense: PSD, PS, CDS-PP, JPP, BE, Chega, IL, PAN, PDR, PTP, PNR, Aliança, Partido da Terra - MPT, PCTP/MRPP, PURP, RIR e CDU (PCP/PEV).
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