Depois da polémica em torno da reunião do Conselho de Estado, que acabou interrompida e adiada devido à saída do primeiro-ministro, Catarina Martins sublinhou esta segunda-feira que alguns temas correm o risco de se tornarem desatualizados, caso a reunião ocorra depois da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e de um verão de forte pressão no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
No espaço de comentário no programa 'Linhas Vermelhas', na SIC Notícias, a antiga dirigente bloquista, apesar de considerar como positiva a saída de António Costa para apoiar a seleção de futebol feminina no Mundial, considerou: "convenhamos que não pode ser essa a única razão para que um Conselho de Estado não chegue até ao fim".
"Acaba por haver um confronto que se vai transforma num folhetim adiado, em fascículos, e não creio que seja o melhor para ninguém. Acho é que em setembro a reunião terá de ser outra", disse.
Para Catarina Martins, que coordenou o Bloco de Esquerda entre 2014 e a convenção de maio deste ano, a lista de temas e preocupações do Conselho de Estado terão de ser outras na próxima reunião, em setembro, não acreditando que "vá haver conclusões que ainda estão a pensar da CP e da TAP, ainda que haja problemas por resolver que vêm desse tempo, até pela fragilidade de Galamba, entre outros".
"Vamos chegar a setembro com certeza com o balanço das JMJ, perceber como correu, se o planeamento serviu ou não; vamos ter um verão que espero que corra bem do ponto de vista da Proteção Civil e dos fogos; mas também temos uma situação que nós já sabemos que é um grande choque deste verão, que é o SNS", argumentou, elencando a série de problemas e reivindicações dos profissionais de saúde que têm gerado greves em vários pontos do país.
Acrescentou Catarina Martins que "estamos a ter um enorme problema em manter as instituições a funcionar normalmente" e, por isso, "as questões do SNS são fundamentais" para o Conselho de Estado, elencando que "hoje houve uma greve dos médicos às horas extraordinárias; temos a contestação dos farmacêuticos e dos enfermeiros; e temos um Governo que está há mais de um ano em negociação com os profissionais de saúde sem chegar a resultados".
"Depois daquele período de pandemia, em que o estado de emergência proibia os profissionais de saúde de se despedirem, a seguir veio um novo período em que os profissionais já podem ir embora. Mas não foi nada feito, tudo parou, e os profissionais estão em 'burnout', estão estourados, salários congelados, carreiras que não progridem, horas extraordinárias impossíveis, e estão a ir para o setor privado. E o verão é muito complicado para o SNS", rematou Catarina Martins.
De recordar que, na passada sexta-feira, a reunião do Conselho de Estado, dedicada à análise da situação económica, social e política do país, acabou sem conclusões, apesar de Marcelo Rebelo de Sousa ter adiantado que o tema da TAP seria discutido.
Foi avançado por vários órgãos de comunicação social o ambiente crispado na reunião, com várias críticas ao Governo, especialmente por parte de Miguel Cadilhe, antigo ministro das Finanças pelo PSD, e Carlos César, presidente do PS, terá sido o principal defensor do executivo.
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