O presidente do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro, respondeu às declarações do primeiro-ministro, António Costa, esta terça-feira, declarando que se este "quiser trair a classe média portuguesa vai insistir em não baixar os impostos em 2023".
Na sequência das declarações de Mário Centeno que afirmou que não há folga orçamental no país, Montenegro salientou que este "não é um agente político nem devia ser", salientando que o governador do Banco de Portugal "tem uma grande propensão para descair a sua intervenção para a ação política".
Contudo, o líder social democrata ressalva que o "alvo" do trabalho político do PSD como líder da oposição "é o primeiro-ministro", reagindo, de seguida, as suas declarações desta manhã.
"Ouvi dizer que o primeiro-ministro se tinha afirmado como um fazedor e como alguém que tinha um contrato com os portugueses... Ora, se assim é, eu quero dizer: Doutor António Costa, se é de facto, ou quer ser, um fazedor, e se quer estabelecer e cumprir o contrato com os portugueses, faça aquilo que nós lhe propusemos: baixe os impostos sobre o rendimento do trabalho em 2023, porque a receita fiscal e contributiva, está provado - venha o Centeno dizer o que ele quiser - que está acima daquilo que está inscrito no Orçamento do Estado", afirmou à margem da visita à Coudelaria de Alter, no distrito de Portalegre, numa troca de farpas ocorrida esta terça-feira, entre o chefe do Governo e o líder da oposição.
"Propusemos que o Governo decida dar aos portugueses uma descida nos impostos na ordem de 1.200 milhões de euros, que é perfeitamente enquadrável nas contas públicas, para aliviar quem trabalha. A classe média trabalhadora que chega ao fim do mês e é confrontada com o aumento dos preços que a inflação trouxe, na alimentação, energia e também na habitação - seja no arrendamento, seja no crédito de habitação", esclareceu Montenegro, acrescentando que pedem uma "descriminação mais acentuada" para os jovens.
"Vamos deixar as palavras, oh Doutor António Costa, deixe de dizer que é fazedor e faça. Deixe de dizer que quer fazer um contrato e execute-o. Se Costa quiser trair a classe média portuguesa vai insistir em não baixar os impostos em 2023", atirou, por fim, o líder do PSD.
De recordar que, esta terça-feira, António Costa decidiu destacar aquilo que distingue a posição de líder da oposição daquilo que distingue a função de primeiro-ministro, na sequência das declarações de Marcelo Rebelo de Sousa - que afirmou ser "função da oposição propor negociações para eventuais mudanças" no diploma - sobre o destino final do programa Mais Habitação, uma vez que mesmo após ser obrigado a promulgar o diploma que vetou, há uma "segunda parte da história", ou seja, a regulamentação.
"Ser primeiro-ministro é diferente de ser líder da oposição. A função do PM não é ser comentador, é ser fazedor", começou por afirmar, referindo depois que "cada um tem o seu papel e nenhum é mais importante que o outro".
Contudo, "quando nos confundimos nos papéis é que as coisas podem correr mal", disse, dando o exemplo de que se o "guarda redes de uma equipa de futebol decidir marcar golos ao invés de defender isso não vai correr bem".
"A minha função é muito simples, eu tenho um contrato com os portugueses e vou cumprir, é essa a minha função", atirou, respondendo a Marcelo Rebelo de Sousa.
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