Em comunicado, o PTP lamenta que o acordo de incidência parlamentar firmado terça-feira entre a coligação PSD/CDS e o PAN tenha sido "realizado às escondidas" numa unidade hoteleira do Funchal, dizendo ser "uma afronta aos madeirenses os termos e a rapidez com que foi feito".
"Estamos perante o grau zero da política, em que um acordo que vem decidir o futuro de toda a região nos próximos quatro anos é decidido em meia dúzia de horas, às escondidas, num espaço privado e vendido ao desbarato por 10 medidas, nenhuma delas estruturais para fazer face aos principais problemas da região", critica a dirigente Raquel Coelho, que assina o comunicado.
No mesmo documento, o PTP "alerta que votar em partidos emergentes e em candidatos desconhecidos, sem carga ideológica e sem historial de luta, pode levar a situações imprevisíveis como a do PAN".
Raquel Coelho afirma que o PAN "acabou a viabilizar por meia dúzia de medidas insignificantes o Governo de Miguel Albuquerque".
"Há partidos emergentes que são populados pelo PSD para depois, se preciso, serem bengalas, tirando votos aos verdadeiros oposicionistas", aponta.
De acordo com informação da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, a coligação PSD/CDS-PP venceu no domingo as eleições legislativas regionais com 43,13% dos votos (58.399 votos) e 23 lugares no parlamento regional, constituído por um total de 47 deputados, falhando por um mandato a maioria absoluta.
Miguel Albuquerque, que no rescaldo eleitoral fechou a porta a qualquer acordo com o Chega, confirmou na terça-feira um acordo de incidência parlamentar de quatro anos com o PAN, viabilizando assim uma maioria absoluta no hemiciclo.
O PAN, que elegeu a sua cabeça de lista, Mónica Freitas, assegurou que "não irá assumir qualquer função governativa" e que o acordo obriga o grupo parlamentar do PSD a "discutir previamente todas as iniciativas legislativas".
Há quatro anos, o PSD elegeu 21 deputados, perdendo pela primeira vez a maioria absoluta que detinha desde 1976, e formou um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados).
A segunda força política mais votada no domingo foi o PS, com 21,30% dos votos e 11 mandatos, quando há quatro anos tinha conseguido 36,59% dos votos e 19 mandatos.
O JPP passou de três para cinco mandatos, enquanto a CDU (PCP/PEV) conseguiu manter o deputado único que tinha.
No hemiciclo regional haverá duas estreias: o Chega, com quatro deputados, e a IL, com um deputado.
Por sua vez, BE e PAN regressam à Assembleia Legislativa Regional, também com um deputado cada.
Apresentaram-se a votos PTP, JPP, BE, PS, Chega, RIR, MPT, ADN, PSD/CDS-PP (coligação Somos Madeira), PAN, Livre, CDU e IL.
Votaram nestas eleições 135.413 dos 253.865 eleitores inscritos, o que representa uma taxa de participação de 53,34%.
O PTP, em 2011, chegou a alcançar três mandatos na Assembleia Legislativa da Madeira.
Nas regionais de 2015, o partido integrou a coligação Mudança (PS/PTP/PAN/MPT), que se desintegrou após o ato eleitoral, e ficou representado por um deputado.
Em 2019, o PTP concorreu com a sua própria lista, encabeçada por Raquel Coelho, não tendo conseguido eleger qualquer representante.
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