"Não é não". Montenegro exclui Chega de "acordo político de governação"

Luís Montenegro destacou a "normalidade" da situação e deixou claro que as relações partidárias na Madeira não têm de ser as mesmas que no continente ou nos Açores.

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© Getty/ Horacio Villalobos

Hélio Carvalho
27/09/2023 19:23 ‧ 27/09/2023 por Hélio Carvalho

Política

Eleições/Madeira

Após o anúncio de um acordo entre o PSD e o PAN para que seja assegurada uma maioria parlamentar à direita na Madeira, o presidente dos sociais-democratas veio, esta quarta-feira, garantir que não há divisão política entre o continente e a Madeira devido à escolha de parceiros políticos, e recusou fechar a porta a outros partidos, exceto ao Chega com quem deixou claro que não negociará.

Em conferência de imprensa em Lisboa, Luís Montenegro afirmou que vê com "muita normalidade o que está a acontecer na Madeira, com todos os contornos específicos da região autónoma".

"Não há nenhuma razão para poder tirar qualquer conclusão de que algum principio e valor do PSD está a ser posto em causa com o acordo projetado com o PAN", sublinhou Montenegro.

Questionado sobre como avaliava a opção de Miguel Albuquerque de se aliar com o Pessoas-Animais-Natureza, e não com outros partidos mais à direita e que seriam aliados mais naturais - nomeadamente a Iniciativa Liberal -, Luís Montenegro reiterou que a situação é exclusiva da Madeira e recusou que houvesse um fechar de portas aos liberais, tanto a nível nacional como a nível regional.

"A preferência aqui é a que os órgãos regionais do PSD determinaram. Mas, tanto quanto sei, a porta não está fechada para a IL. A própria IL teve ocasião de transmitir que está aberta a poder dialogar caso a caso, decreto a decreto, orçamento a orçamento, condições para poder dar apoio parlamentar ao governo da RGM, e creio que isso também já foi dito pelo presidente do PSD Madeira que não fecha a porta à IL. Há questões que são muito particulares, e a relação entre duas forças políticas no contexto nacional não tem necessariamente de ser a mesma relação entre duas forças políticas no contexto regional. As coisas são diferentes", sublinhou.

Sobre o Chega, Montenegro repetiu a promessa de não negociar com o partido de extrema-direita, seja no continente ou nas regiões autónomas, apontando que "não vale a pena alimentar mais este assunto". "É muito simples: não é não. Nunca farei um acordo político de governação com o Chega", reforçou.

Nos últimos dias, várias forças de direita criticaram o PSD pela aliança com o PAN, e o CDS-PP, que se coligou com os sociais-democratas na candidatura ao parlamento regional, mostrou-se descontente com o acordo. Na terça-feira, Nuno Melo, o presidente do partido que em 2022 desapareceu da Assembleia da República, criticou Miguel Albuquerque e deixou claro que preferia que o governo regional dependesse da IL.

Luís Montenegro acrescentou que está totalmente confortável com a solução de governo e de apoio parlamentar que permite dar as condições de execução de programa que os madeirenses e os porto-santenses escolheram".

"Quando tiver de escolher, isso significa que já ganhei as eleições legislativas e que estarei em condições de conseguir formar maioria parlamentar, e terei a lamentar nessa ocasião que não seja exclusivamente do meu partido mas que se poderá formar com outras forças políticas", rematou ainda o presidente do PSD.

A coligação do PSD e do CDS-PP venceu no domingo as eleições legislativas regionais na Madeira, mas ficou a um deputado da maioria absoluta que tem segurado consistentemente no arquipélago. Na terça-feira, a deputada única do PAN, Mónica Freitas, anunciou que assinou um acordo de incidência parlamentar de quatro anos, para permitir a aprovação de uma maioria absoluta.

Leia Também: Madeira. PAN mostra que há alternativas e trava "agenda arcaica" do Chega

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