BE critica organização do Mundial devido a ocupação do Saara Ocidental

Os deputados do Bloco consideram que candidatura conjunta com Marrocos é um apoio à ocupação marroquina na região.

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© Horacio Villalobos/Corbis via Getty Images

Notícias ao Minuto
04/10/2023 19:55 ‧ 04/10/2023 por Notícias ao Minuto

Política

Mundial'2030

Enquanto que o anúncio da organização do Mundial de Futebol de 2030 em Portugal foi acolhida com muitos elogios por vários partidos, especialmente pelo PS e pelo PSD, o Bloco de Esquerda criticou o anúncio, considerando que organizar um evento com Marrocos é "ajudar" a ocupação do Saara Ocidental.

Através da rede social Twitter, agora X, o líder do grupo parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, acusou a organização de ser um exemplo de 'sportwashing' - um conceito aplicado muitas vezes sobre o Mundial do Qatar, por usar o evento para desviar atenções a violações a direitos humanos -, e avisou que "desta vez é Marrocos a usar o futebol para lavar a imagem da contínua violação de direitos humanos e da ocupação ilegítima do Saara Ocidental".

"Ter Portugal a ajudar a esta farsa é vergonhoso e um desrespeito pela ONU e pelo direito internacional", afirmou o deputado.

Já Isabel Pires, também do BE, reiterou que Marrocos "ocupa ilegalmente o território do Sahara Ocidental, incumprindo todas as resoluções da ONU sobre o tema".

"Com esta decisão, Portugal compactua com um estado agressor, que prevê a construção de um estádio em território ocupado. Não em meu nome", disse, aludindo para a possibilidade de a candidatura marroquina no Mundial incluir a construção de um recinto em Dakhla.

A região do Saara Ocidental, uma zona desértica, tem sido cada vez mais abordada no âmbito geopolítico, à medida que o governo local, liderado pelo movimento Frente Polisário, têm intensificado os seus pedidos de autodeterminação.

O Saara Ocidental é uma antiga colónia espanhola, situada a sudoeste do resto do território marroquino, tendo sido anexado em 1975 contra um decreto pelo Tribunal Penal Internacional. O governo nacional tem sido constantemente acusado por organizações internacionais, incluindo pela Organização das Nações Unidas, de recusar a autonomia do povo indígena Sahrawi.

Após uma longa guerra entre 1975 e 1991, a ONU conseguiu mediar um cessar-fogo e exigiu que Marrocos aceitasse um referendo para a independência do Saara Ocidental, algo que ainda não aconteceu.

O Mundial de Futebol de 2030 passará por Marrocos, por Espanha e por Portugal, numa candidatura conjunta que chegou a incluir a Ucrânia. Esta quarta-feira, a FIFA anunciou que a candidatura dos três países iria acolher a competição, sendo que os três primeiros jogos ocorreriam ainda na Argentina, Paraguai e Uruguai, para comemorar os 100 anos do evento.

Leia Também: Agora, é oficial: Portugal organiza Mundial histórico a seis em 2030

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