"As linhas gerais indiciam exatamente a insistência num caminho que foi até agora, é o caminho das contas certas, mas com as contas certas só para alguns", disse, vincando que a proposta do Governo não responde aos "problemas de grande dimensão" em setores como habitação, saúde e educação, bem como ao nível dos salários.
Paulo Raimundo, que falava aos jornalistas no Funchal, no final de uma visita de um dia à região autónoma da Madeira, reagia assim à apresentação das linhas gerais da proposta de OE2024 feita hoje, em Lisboa, pelo ministro da Finanças e pela ministra dos Adjunta e dos Assuntos Parlamentares aos partidos representados na Assembleia da República.
"É um caminho que, a partir da ideia das contas certas, continua a estrangular os serviços públicos e nós temos problemas de grande dimensão", alertou, realçando que, de acordo com as linhas gerais, o OE2024 "foge à questão do aumento dos salários de forma decisiva".
O secretário-geral do PCP considera também que "não dá resposta aos problemas da habitação", vincando que "não há mais nenhum sinal novo face àquilo que já se conhece e que é manifestamente insuficiente", além de que não responde aos problemas da educação e da saúde, nomeadamente a falta de médicos.
"É um Orçamento que não responde a nada dessas questões, ou melhor, responde na medida da política que tem sido seguida", disse, para logo acrescentar: "Ora, o que se está a demonstrar todos os dias é que essa política não está a ter resultados para a maioria."
Paulo Raimundo admitiu que haverá "uns poucos" que se estão a "habituar" ao caminho do Governo socialista de António Costa, mas não a maioria da população.
"Aquilo que mais me agradaria era que o documento que vamos receber no dia 10 [de outubro], se tudo correr como programado, tivesse agradáveis surpresas. Pelas linhas gerais que foram apresentadas, não me parece que seja esse o caminho", afirmou.
A proposta de Orçamento do Estado para 2024 deverá ser entregue pelo Governo na terça-feira e será discutida e votada na generalidade nos dias 30 e 31 de outubro. A votação final global está agendada para 29 de novembro.
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