Livre apela a Costa que fale ao país e mantém "serenidade vigilante"
O deputado único do Livre apelou hoje ao primeiro-ministro para que fale "com a maior brevidade ao país" sobre a investigação em curso e escusou-se, para já, a tirar consequências políticas, dizendo manter-se com "serenidade vigilante".
© Reinaldo Rodrigues
Política Buscas
Rui Tavares falava aos jornalistas no parlamento, pouco minutos depois de ter sido divulgado um comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR) que confirma um inquérito relacionado com os negócios do lítio e hidrogénio verde, na sequência do qual foram feitas buscas, emitidos mandatos de detenção (incluindo ao chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária) e constituídos arguidos, incluindo o ministro das Infraestruturas João Galamba.
"A primeira reação que devemos ter todos é esperar que tanto executivo como Ministério Público cumpram com as suas responsabilidades e haja uma investigação célere, esclarecedora e eficaz", defendeu Rui Tavares.
O deputado do Livre assegurou que o partido irá manter nesta questão "uma serenidade vigilante, porque na política não deve haver quem inflame mais aquilo que ainda não conhece".
Questionado se João Galamba tem condições para se manter no Governo, Rui Tavares pediu que o primeiro-ministro, António Costa, fale ao país "com a maior brevidade possível" e dê "esclarecimentos cabais", remetendo uma resposta à pergunta para depois dessas explicações.
"O que o Livre não faz é antecipar juízos que contribuam para inflamar ainda mais o ambiente. Se a situação é preocupante, todos temos de ter sentido de responsabilidade", afirmou, defendendo que não deve haver a tentação por parte dos partidos de "tentar tirar proveitos políticos".
Por outro lado, o Livre salientou que "não deve impender nenhuma mácula" na investigação sobre os processos de exploração de lítio e hidrogénio.
"As pessoas têm de ter total confiança que transparência e responsabilidade imperam nos processos de transição energética, só dessa forma teremos as pessoas e sociedade connosco", disse.
A PGR já confirmou oficialmente que o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus e um consultor foram hoje detidos no âmbito do inquérito dirigido pelo Ministério Público do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) aos negócios do lítio e hidrogénio verde.
Nestes casos, a PGR considera que se verificam "os perigos de fuga, de continuação de atividade criminosa, de perturbação do inquérito e de perturbação da ordem e tranquilidade públicas".
No mesmo comunicado, confirma-se que o ministro das Infraestruturas, João Galamba, foi constituído arguido pelo Ministério Público (MP), tal como o presidente do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta nesta investigação.
De acordo com a PGR, estarão em causa os crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência.
Na mesma nota, indica-se que o primeiro-ministro, António Costa, é alvo de uma investigação autónoma do Ministério Público num inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça.
"No decurso das investigações surgiu, além do mais, o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do Primeiro-Ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido. Tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, por ser esse o foro competente", lê-se na nota hoje divulgada pela PGR.
A investigação visa as concessões de exploração de lítio nas minas do Romano (Montalegre) e do Barroso (Boticas), um projeto de central de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines e o projeto de construção de "data center" desenvolvido na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade "Start Campus".
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já recebeu hoje de manhã o primeiro-ministro no Palácio de Belém, em Lisboa, a pedido deste, disse à Lusa fonte da Presidência da República, e António Costa já cancelou a agenda pública que tinha prevista para o Porto.
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