"Espero que a PGR explique que não pôs a Democracia em risco"

Socialista considera que o dia 7 de novembro "foi um dia zero" para um "teste brutal" ao Estado de Direito e que a Justiça também deve explicações, não estando apenas em causa o nome de António Costa.

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Carmen Guilherme com Lusa
08/11/2023 11:18 ‧ 08/11/2023 por Carmen Guilherme com Lusa

Política

Isabel Moreira

A socialista Isabel Moreira defendeu, esta quarta-feira, que o Ministério Público (MP) deve dar explicações sobre a investigação de que o agora primeiro-ministro demissionário é alvo, defendendo que não está "só em causa o nome" de António Costa ou a "recordação de casos de nomes que foram destruídos sem justiça", mas também "a vontade do povo expressada nas urnas". 

Esta posição foi partilhada pela deputada através da rede social X (antigo Twitter). 

"Teremos de aguardar. António Costa já disse que está de consciência tranquila. Do lado da Justiça, continuo a ler um parágrafo de uma nota de imprensa que não contém factos nem indícios imputáveis ao PM [primeiro-ministro]. Espero agora que a PGR [Procuradoria-Geral da República] explique que não pôs a democracia em risco", começou por escrever.

Lembrando que se pronunciou sobre atuações que considerou "altamente criticáveis" por parte do MP, nomeadamente o caso que envolveu o antigo presidente do PSD Rui Rio, a socialista defendeu, contudo, que ontem "foi um dia zero" para um "teste brutal" ao Estado de Direito e que a Justiça também deve explicações.

"Aguardo com serenidade. Mas com preocupação. Pronunciei-me vezes sem conta sobre atuações que tive por altamente criticáveis do MP. A última vez que o fiz, foi em relação a Rui Rio. Mas ontem foi um dia zero para um teste brutal ao Estado de Direito", apontou.

"Não está só em causa o nome do PM, nem a recordação de casos de nomes que foram destruídos sem justiça, como Paulo Pedroso, Leonor Beleza, Miguel Macedo ou Azeredo Lopes. Está em causa a vontade do povo expressada nas urnas ter sido derrubada assim. Estamos em causa, portanto. Todo o escrutínio à política, toda a exigência de explicações aos políticos. A justiça também tem de se explicar", defendeu.

E rematou: "Não aceito a dicotomia da política como lugar do pecado e a da justiça como lugar da virtude absoluta".

Recorde-se que a manhã de ontem foi dominada pelas notícias das buscas da Polícia de Segurança Pública (PSP) e do MP sobre os projetos de lítio e hidrogénio, em que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), estarão em causa os crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência. Entre os envolvidos estavam o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, que foi detido, e o ministro das Infraestruturas, João Galamba, que é arguido.

Mas só com o comunicado da PGR se soube que estava envolvido António Costa, que recusou a prática "de qualquer ato ilícito" ou censurável, e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça "em tudo o que entenda necessário". Além disso, acabou por apresentar a sua demissão.

O chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus e um consultor - que não é identificado, embora vários jornais tenham identificado como Diogo Lacerda, advogado e empresário próximo de Costa - foram detidos no âmbito da investigação aos negócios do lítio e hidrogénio verde.

Leia Também: "Costa viu a sua carreira política liquidada para sempre"

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