"Em nome da verdade e do rigor que se impõe, e de modo a evitar que se consolide uma ideia errada do 25 de Novembro [de 1975] junto de milhares de lisboetas, o PS solicitou hoje a Moedas que remova a imagem e os cartazes em causa, protegendo a reputação do município", informaram os socialistas.
De acordo com a vereação do PS, a imagem presente nos cartazes de celebração do 25 de Novembro de 1975, que foram colocados um pouco por toda a cidade, não é ilustrativa da data, confirmando ser de um comício do partido, então liderado por Mário Soares, em julho de 1975.
A agência Lusa questionou a Câmara de Lisboa sobre o que pretende fazer na sequência do pedido do PS e como é que o diferendo será resolvido nas vésperas da celebração do 48.º aniversário do 25 de Novembro de 1975, aguardando ainda uma resposta.
Na terça-feira, a Câmara de Lisboa divulgou várias iniciativas na cidade para "recordar e assinalar" o 25 de Novembro de 1975, apesar de ter sido, anteriormente, aprovado um voto de condenação à decisão de celebrar a data.
Proposto pelo PCP, o voto de condenação relativo às comemorações do 25 de Novembro de 1975, que foram inicialmente anunciadas por Carlos Moedas na celebração do 05 de Outubro de 1910 (Implantação da República Portuguesa), foi aprovado com votos a favor de PS, BE, PCP, Livre e Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre) e contra da liderança PSD/CDS-PP, que governa sem maioria absoluta.
A condenação foi justificada com o argumento de a celebração do 25 de novembro de 1975 constituir "uma tentativa de menorizar a dimensão e significado da Revolução de Abril", em 25 de Abril de 1974.
Na terça-feira, o PS na Assembleia Municipal de Lisboa acusou a coligação "Novos Tempos" (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) de fazer "uma grande operação de 'marketing'" em torno do 25 de Novembro de 1975.
"Comemorar o 25 de Novembro não se confunde com a construção de uma narrativa que pretende apoucar o 25 de Abril e pretende fazer o 25 de Novembro a data fundadora da democracia", declarou o deputado do PS José Leitão, no âmbito da discussão de uma recomendação para honrar e comemorar o 25 de Novembro de 1975, subscrita pela coligação "Novos Tempos" e pela Iniciativa Liberal (IL).
A recomendação, que propunha a atribuição do topónimo "25 de Novembro de 1975" a um arruamento da cidade de Lisboa (uma rua, ou um largo ou praça, ou uma avenida ou alameda) e um conjunto de comemorações do cinquentenário da data, foi rejeitada com os votos contra de BE, Livre, PEV, PCP, PS e dois deputados independentes do Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre). Votaram a favor PSD, PAN, IL, MPT, PMP, Aliança, CDS-PP e Chega.
"O voto que os Novos Tempos apresentam é a legitimação pretendida por uma grande operação de 'marketing' que está em curso com a distribuição nas caixas de correio, em ligação com o Instituto Mais Liberdade, que pretendem concentrar a nossa atenção num debate histórico sem rigor para nos afastar da denúncia da degradação da qualidade de vida e da incompetência com que os Novos Tempos gerem a cidade", referiu o socialista José Leitão, salientando que o PS não compactua com interpretações sem rigor histórico sobre o 25 de Novembro.
Defendendo a comemoração do 25 de Novembro de 1975, o líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal de Lisboa, Luís Newton, disse que a "data representou uma concretização da ambição que Abril [de 1974] criou".
"Quando hoje procuramos celebrar o 25 de Novembro não pretendemos de forma alguma que isso apague Abril [...]. O 25 de Novembro de 1975 é o que dá alma e corpo e consequência à ambição do grande momento nacional que foi o 25 de Abril de 1974", realçou.
A recomendação dirigida à câmara pretendia também que as comemorações da data contemplassem "um novo monumento alusivo e evocativo, dedicado à perpetuação, no espaço público da cidade, da memória do 25 de Novembro de 1975".
Nesse âmbito, o PS propôs uma saudação ao triunfo da democracia no 25 de Novembro de 1975, voto que foi aprovado com os votos a favor de Livre, PS, PSD, PAN e IL.
Leia Também: Moedas recorda 25 de Novembro como "passagem para um Portugal livre"