Acordo da COP? "É o mínimo dos mínimos. Só depois do tempo foi possível"

A líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, reagiu ao anúncio da COP28, sobre o acordo aprovado que propõe mencionar todos os combustíveis fósseis, principais responsáveis pelas alterações climáticas, numa decisão a adotar por todos os países,

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Notícias ao Minuto com Lusa
13/12/2023 10:58 ‧ 13/12/2023 por Notícias ao Minuto com Lusa

Política

Mariana Mortágua

A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, afirmou, esta quarta-feira, que "a COP não chegou a um acordo para a eliminação dos combustíveis fósseis, chegou a um acordo para a expressão 'transição para fora dos combustíveis fósseis'".

Em comentário ao anúncio da COP28, sobre o acordo aprovado que propõe, pela primeira vez na história destes encontros, mencionar todos os combustíveis fósseis, principais responsáveis pelas alterações climáticas, numa decisão a adotar por todos os países, Mariana Mortágua, em declarações aos jornalistas, acusou a COP de ter sido um "fracasso".

"A prova do fracasso da COP é que só à 25.º hora, já depois do tempo regulamentar, é que foi possível chegar a um acordo que é o mínimo dos mínimos e que usa a expressão 'transição para fora dos combustíveis fósseis' para evitar a expressão que se esperava e que é defendida pela ONU que é a 'eliminação gradual dos combustíveis fosseis'", frisou.

Na ótica da líder bloquista, "a COP não chegou a um acordo para a eliminação dos combustíveis fósseis, chegou a um acordo para a expressão 'transição para fora dos combustíveis fósseis'".

"Mesmo que este acordo seja cumprido (e nenhum foi cumprido até hoje), nós estamos perante um aquecimento que é o dobro daquele previsto nas metas do Acordo de Paris e, portanto, estamos para lá do aquecimento que seria o aquecimento aceitável que não queremos destruir o planeta num futuro próximo", destacou ainda. 

Segundo Mariana Mortágua, a "COP pode ter superado o seu impasse, mas ela o que conseguiu foi um acordo de alçapões e os alçapões não nos vão proteger das alterações climáticas", alertou.

A bloquista deixou ainda claro que "havia muito poucas ilusões" em relação a um conferência que foi organizada nos Emirados Árabes Unidos, um país "cuja fortuna provém da exploração de petróleo" e cujo presidente lidera também "uma empresa que explora petróleo", referindo ainda que nos corredores da COP circularam "2.500 lobistas da área do petróleo e dos combustíveis fósseis".

"Da mesma forma que o mundo não se pode satisfazer com um acordo que está abaixo dos mínimos e que mesmo se for cumprido não consegue cumprir as metas do acordo de Paris, Portugal também não se pode contentar com a evolução que tem feito ao nível das energias renováveis. Há muito por fazer em Portugal", apontou.

Em termos nacionais, a bloquista referiu que a lei de bases do clima, aprovada em 2021, ainda não foi regulamentada, para além do território, a agricultura e a gestão dos recursos hídricos não estarem adaptados "à seca extrema que Portugal já está a viver".

A permissão de "crimes ambientais como os 'resorts' de luxo" e o "consumo espúrio e supérfluo de bens de luxo que são responsáveis pela poluição como por exemplo os jatos privados" são outras das críticas de Mortágua, que apontou ainda o dedo à indústria poluidora que se mantém em Portugal.

De recordar que o Acordo de Paris, adotado em 2015 na COP21, impôs como objetivos a redução das emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera e a limitação do aumento das temperaturas mundiais além de 2ºC acima dos valores da época pré-industrial, e de preferência que não aumentem além de 1,5ºC.

O acordo anunciado pela COP28, esta quarta-feira, propõe, pela primeira vez na história destes encontros, mencionar todos os combustíveis fósseis, principais responsáveis pelas alterações climáticas, numa decisão a adotar por todos os países.

[Notícia atualizada às 12h03]

Leia Também: COP28 aprova acordo inédito para abandono dos combustíveis fósseis

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