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"Mulher de Abril". Odete Santos "deixa legado de muita força", diz PCP

Antiga deputada e dirigente comunista morreu aos 82 anos

"Mulher de Abril". Odete Santos "deixa legado de muita força", diz PCP
Notícias ao Minuto

19:18 - 27/12/23 por Notícias ao Minuto

Política Odete Santos

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo, relembrou, esta quarta-feira, Odete Santos, cuja morte foi hoje anunciada.

"Odete Santos deixa um legado de muita estima, muita força. Uma mulher com muita força. Uma mulher de Abril. Com uma vida comprometida com Abril, com o seu projeto, com a construção ad república, com os direitos dos trabalhadores", começou por referir em declarações à CNN Portugal.

Numa altura em que se realizam as cerimónias fúnebres da antiga dirigente comunista, em Setúbal, Raimundo salientou ainda o "papel extraordinário" que Odete Santos teve na emancipações das mulheres não só no combate ao aborto clandestino, como "em todas as suas vertentes".

"Uma mulher solidária com os povos do mundo - sempre pela paz", continuou, classificando Odete Santos como uma "mulher muito determinada" que Portugal perdeu hoje.

"Ficamos com o seu exemplo, determinação e confiança. Temos de levar esse exemplo para as batalhas que temos pela frente", afirmou, sublinhando que era  necessário salvaguardar o exemplo da dirigente comunista.

Sublinhando que Odete Santos transportou vários elementos para a arte, nomeadamente para a poesia e teatro. ""Tive o privilégio de me cruzar muitas vezes com ela, e a forma como ela declamava poesia - vinha tudo lá de dentro. Tanto estava assim na arte como na sua vida política, de combate, e, portanto, é por isso que tem o respeito enorme de gente muito diversa", rematou.

Nascida em 26 de Abril de 1941, na freguesia de Pêga, concelho da Guarda, Maria Odete Santos era advogada, aderiu ao PCP em 1974 e foi deputada à Assembleia da República entre 1980 e 2007, tendo exercido também vários cargos a nível partidário e autárquico, em Setúbal.

Integrou o Comité Central do PCP, a Direção de Organização Regional de Setúbal do PCP e o Movimento Democrático de Mulheres. Foi ainda membro da Associação de Amizade Portugal-Cuba.

O interesse pela atividade política começou antes, quando em 1961 participou nos movimentos associativos estudantis. Foi ainda na faculdade de Direito da Universidade de Lisboa que Odete Santos teve o primeiro contacto com o Partido Comunista Português, ao qual viria a aderir após o 25 de Abril de 1974.

Como dirigente partidária e deputada, destacou-se em áreas dos Direitos, Liberdades e Garantias, na defesa dos direitos dos trabalhadores e dos direitos das mulheres, assuntos que abordou em conferências, debates, entrevistas e artigos publicados, refere a nota, que destaca o "particular significado" da sua intervenção na conquista de novos direitos para as mulheres, nomeadamente o combate ao aborto clandestino e pela despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez".

No Parlamento, dedicou-se às áreas do direito do Trabalho, Assuntos Constitucionais e direitos das mulheres, tendo sido agraciada com a Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Foi considerada a deputada mais mediática do PCP e, na altura da sua saída do Parlamento, o ex-secretário-geral comunista Jerónimo de Sousa elogiou-a como "uma mulher apaixonada e apaixonante" que "põe o coração nas palavras".

Odete Santos gozou de uma popularidade que extravasou o âmbito político, com presenças regulares em programas de televisão, desde debates políticos a programas de entretenimento.

[Notícia atualizada às 19h27]

Leia Também: "Carismática", "sensível" e "irreverente". Políticos evocam Odete Santos

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