"Presidente da República não fez o que politicamente era devido"
O presidente do PS acusou hoje o chefe de Estado de não ter feito o que devia após a demissão do primeiro-ministro, poupando o país a eleições, mas avisou que os socialistas não ficarão prisioneiros das circunstâncias.
© Flickr/ PS/ José António Rodrigues
Política PS/Congresso
Carlos César falava na abertura do segundo dos três dias do 24º Congresso Nacional do PS, que decorre na Feira Internacional de Lisboa (FIL), num discurso em que também sustentou que um eventual executivo de direita no país seguirá o modelo "sem rei nem roque" do cessante Governo Regional dos Açores com "a extrema-direita".
No início da sua intervenção, Carlos César visou a atuação de Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que "o país devia ter sido poupado a esta interrupção gerada pela decisão de convocação de eleições antecipadas".
"É hoje amplamente reconhecido que, nas circunstâncias então difundidas, o primeiro-ministro [António Costa] fez o que lhe era institucionalmente requerido, mas o Presidente da República, em resposta, não fez o que politicamente era devido", criticou o membro do Conselho de Estado, recebendo muitas palmas.
Carlos César, presidente do PS desde novembro de 2014 e hoje reeleito no cargo sem oposição interna com 90,36% dos votos, defendeu que o seu partido nunca foi "prisioneiro das circunstâncias, muito menos agora com Pedro Nuno Santos", o novo secretário-geral socialista.
"O que lá vai, lá vai, e agora é o tempo de mostrar aos portugueses o líder que temos, aquilo que somos e o que merecemos ser: Temos um líder que desejámos; somos uma proposta de Governo com uma nova ambição e sentido responsabilidade; uma alternativa apoiada no país inteiro por socialistas e não socialistas; e merecemos ser uma proposta eleitoral ganhadora para derrotarmos a direita mais embusteira, mais radical e mais desvalorizadora do Estado e dos direitos dos cidadãos que já tivemos em Portugal desde o 25 de abril", declarou.
Ainda em relação às forças à direta do PS, sustentou a tese de que "os portugueses não escolherão no próximo dia 10 de março aqueles que só se fazem notar à custa dos engenheiros do caos, ou pela grosseria da sua linguagem, ou pelos enredos que encenam no teatro da política - aptidões em que a liderança do PSD não raras vezes suplanta as dos seus companheiros à direita".
Pelo contrário, segundo Carlos César, "os portugueses querem políticos que falem sobre o que interessa realmente aos portugueses".
"E que não só digam o que pensam como deem garantias de fazerem o que dizem. Pedro Nuno Santos é um político assim: Frontal e sem receios de mostrar quem é - e é disso que o país precisa", apontou.
O antigo líder parlamentar socialista usou também a experiência governativa do cessante executivo regional dos Açores para advertir que, se a direita for maioritária após as próximas eleições legislativas, seguirá o mesmo modelo no país.
"Se a direita ganhasse as próximas eleições nacionais, teríamos um Governo de um jogo sem rei nem roque, onde cada partido, da direita à extrema-direita, disputa o seu bocado de poder e pouco mais quer saber do que como lucrar com ele", atacou.
Neste contexto, o presidente do PS classificou a mudança de Governo nos Açores, nas eleições de fevereiro, como "decisiva para inverter a degradação financeira, económica e social que ali tem acontecido".
"A vitória do PS no próximo dia 04 de fevereiro será uma vitória para a vida dos açorianos. E nessa medida uma vitória para uma parte tão relevante do nosso país", declarou.
Em relação a um futuro Governo do PS, liderado por Pedro Nuno Santos, deixou uma recomendação: "Não se podem ter todos os setores como prioridades, é certo, mas devemos estabelecer algumas e governar bem em todos. Como diz o melhor ditado, não deixando para amanhã o que puder ser feito logo", acrescentou.
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