PSD, CDS-PP e PPM assinam hoje o acordo de coligação Aliança Democrática, numa cerimónia na Alfândega do Porto em que também discursará um representante dos independentes que deverão integrar as listas conjuntas às legislativas.
No sábado, foi divulgado o texto do acordo no qual se destaca a "experiência de Governo" da Aliança Democrática (AD) no passado, "uma mais valia que não existe noutros setores políticos", e se alerta para "a afinidade da anterior e atual liderança do PS com os partidos da esquerda radical".
No texto, reitera-se que este acordo de coligação entre os três partidos incluirá as legislativas de 10 de março e as eleições europeias de 09 de junho, uma aliança "com o propósito de oferecer a Portugal a mudança política necessária e um Governo ambicioso, reformista, moderado estável e maioritário".
O acordo, que será assinado pelos presidentes do PSD, Luís Montenegro, do CDS-PP, Nuno Melo, e do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira, aponta como prioridades da AD alcançar níveis elevados de crescimento, reforçar rendimentos e "salvar e reabilitar o Estado Social do definhamento em curso".
Repudiar "extremismos ou populismos de qualquer ponto do espetro ideológico ou partidário" e governar "com elevada exigência ética" são outros dos compromissos, a par de um compromisso com a "gestão sustentável" das finanças públicas e de uma "estabilidade política construída em diálogo aberto, construtivo e participado com os diferentes atores e instituições da sociedade".
O acordo de coligação prevê que o programa eleitoral da Aliança Democrática - que promete uma campanha "pela positiva" - tenha contributos dos três partidos e de personalidades independentes e, sobre lugares, refere apenas que as listas para as legislativas e europeias "serão baseadas na ponderação global dos resultados que os três partidos obtiveram" em anteriores sufrágios, cumprindo a lei da paridade e incluindo independentes.
Sobre este acordo, Nuno Melo veio já afiançar que não foi o CDS a solicitá-lo. "O CDS não foi ter com ninguém para fazer uma coligação, estava preparado para ir a votos por si. O CDS reestruturou-se, chamou os melhores quadros num friso de qualidade que asseguravam que o partido, indo a votos por si, elegeria deputados", explicou, em entrevista.
Na quinta-feira à noite, os Conselhos Nacionais de PSD e CDS-PP aprovaram por unanimidade a coligação pré-eleitoral às legislativas e europeias, que foi anunciada entre sociais-democratas e democratas-cristãos a 21 de dezembro, recuperando o nome Aliança Democrática (a designação das primeiras coligações celebradas entre os dois partidos nos anos 80). Na quarta-feira, foi anunciado que também o PPM integraria esta coligação pré-eleitoral, já aprovada pelos órgãos deste partido.
No Conselho Nacional, Luís Montenegro avançou que o CDS-PP terá dois lugares "claramente elegíveis" nas listas por Lisboa e pelo Porto, o 16.º em cada um desses círculos eleitorais - que poderão ser eleitos em função do crescimento eleitoral -, além do 10.º lugar na lista por Aveiro e o 11.º por Braga, mandatos que considerou ser possível assegurar em caso de uma vitória "mais folgada", ficando reservado para o PPM o 19.º lugar pela capital. Esta é a quarta vez que PSD e CDS-PP irão juntos a votos em legislativas.
A assinatura do acordo de coligação da AD acontece poucas horas depois do fim do 24.º Congresso do PS, que consagrou Pedro Nuno Santos como novo secretário-geral do partido, cargo em que substituiu António Costa, que se demitiu de primeiro-ministro em 07 de novembro, após ter sido tornado público que era alvo de um inquérito judicial instaurado pelo Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça a partir da Operação Influencer.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aceitou a demissão do primeiro-ministro e dois dias depois anunciou ao país a dissolução do parlamento e a convocação de eleições legislativas antecipadas para 10 de março.
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