"O seu problema é o nosso". Livre "solidário com a luta" dos jornalistas
O porta-voz do Livre Rui Tavares solidarizou-se hoje com a luta dos jornalistas portugueses, lembrando que se a liberdade de imprensa estiver em risco a democracia também estará.
© Thierry Monasse/Getty Images
Política Livre
"Estamos solidários com esta luta e com um sentido de gratidão. É importante que os jornalistas que não gostam de ser notícia em geral assumam essa necessidade de pôr o seu problema em cima da mesa porque o seu problema é o nosso problema, é o problema da democracia como um todo", disse Rui Tavares em declarações à agência Lusa.
Os jornalistas reunidos no Congresso de Jornalistas aprovaram no domingo, por unanimidade, uma greve geral e mandataram o Sindicato dos Jornalistas para definir a data da sua realização.
Segundo a moção aprovada no congresso, é cada vez maior "a gravidade das condições de exercício do jornalismo em Portugal", com os jornalistas sujeitos a baixos salários, precariedade, forçados a longos turnos, pressionados e por vezes até agredidos, pelo que considera que "num momento muito grave para o jornalismo" são precisos "gestos consentâneos".
Rui Tavares falava à agência Lusa momentos antes de uma ação com estudantes na escola secundária da Moita, no distrito de Setúbal, no âmbito da iniciativa Parlamento dos Jovens, para a qual escolheu como tema de debate a liberdade de imprensa e da democracia em Portugal.
"Hoje decidi trazer jornais em papel para falar acerca da liberdade de imprensa e da democracia em Portugal. Que nasceram no mesmo dia. A democracia de manhã e a liberdade de imprensa à tarde quando os jornais decidiram sair sem censura no 25 de abril de 1974", explicou.
Rui Tavares alertou que tal como nasceram juntas, se a liberdade de imprensa estiver em risco a democracia também estará.
No debate com os estudantes, o líder do Livre disse querer discutir várias possibilidades de luta pelo pluralismo de imprensa e pela resiliência da democracia assim como a distinção entre informação falsa e a informação verídica.
"Vejo com preocupação a crise que o jornalismo está a viver e que em Portugal tem uma dimensão de risco maior na questão da concentração de media e na opacidade da propriedade desses media", frisou adiantando que os estudos comparativos europeus revelam que o risco em Portugal está mais nesta concentração do que na interferência política e estatal que é das mais baixas da Europa.
Rui Tavares defendeu ainda que a sociedade portuguesa, enquanto comunidade politicamente organizada, tem obrigação de procurar ajudar a imprensa a ser sustentável "para fazer o serviço que a democracia precisa que ela faça" e que isso passa por medidas, algumas já propostas pelo Livre.
O porta-voz do Livre defende assim deduções fiscais para a assinatura de imprensa, a conceção de créditos para a assinatura de imprensa para os jovens num quadro de um cheque cultura e a criação de um fundo para bolsas e prémios de jornalismo de investigação.
"Tem a vantagem de as pessoas começarem a habituar-se a procurar a verdade e a análise onde custa dinheiro a fazer. Porque as 'fake news' são de graça e o jornalismo é que se paga e se devia pagar melhor", adiantou.
Estas medidas, adiantou, seria uma primeira abordagem até que, ao nível europeu, seja possível taxar as tecnológicas que "vieram dar cabo do modelo de negócio do jornalismo" para que este possa ser mais sustentável e rentável.
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