Estas posições foram assumidas no período de declarações políticas da Comissão Permanente, no parlamento, órgão com poderes limitados e menos deputados que funciona quando a Assembleia da República está dissolvida.
A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, abordou a crise no grupo Global Media, no qual muitos jornalistas estão sem receber salário desde dezembro, insistindo numa intervenção do Estado.
"Não obstante o necessário apuramento das responsabilidades dos acionistas e das várias administrações do Grupo Global Media, e apesar de incertezas e manobras de aproveitamento, a situação atual exige uma intervenção decidida e clarificadora no plano político, designadamente uma intervenção do Estado, garantindo que este assume uma posição acionista necessária à proteção dos postos de trabalho e defesa dos títulos, com a sua integração no setor público da comunicação social, incluindo a preservação dos arquivos do DN e do JN, recusando qualquer perspetiva no futuro de entrega ao setor privado", defendeu.
A dirigente comunista deixou ainda críticas à governação socialista dos últimos anos, dizendo que "por muito que o PS diga vezes sem conta que o país está melhor, essa não é a realidade da vida das pessoas".
"Nestes últimos dois anos apesar de o PS dispor de todas as condições, andou mais entretido a favorecer os grupos económicos, os fundos e especuladores, e contaram para isso com a conivência de PSD, CDS, IL e Chega, em vez de resolver os problemas que afetam a vida das pessoas", criticou.
Pelo Bloco de Esquerda, o líder parlamentar Pedro Filipe Soares falou da atual crise no setor da habitação, antecipando uma "maré de gente" nas manifestações que vão decorrer em vários pontos do país este fim de semana, organizada pela Plataforma Casa Para Viver.
"O que é que o Governo fez? Prometeu, prometeu e ainda mais prometeu mas pouco cumpriu. Quem bate palmas ao governo do PS é o mercado. (...) A decisão de permitir em 2024 o maior aumento dos últimos 30 anos no que toca ao arrendamento mostra bem a falta de humanidade desta política do PS para a habitação", acusou.
Também a deputada única do PAN, Inês Sousa Real, abordou a crise neste setor, mencionando que, em pleno 2024, ano em que se assinala o cinquentenário do 25 de Abril de 1974, "o número de jovens donos de casa própria é apenas de 35%".
"Não são apenas números, são números com histórias de gente dentro. Estas histórias não nasceram no vazio, nasceram numa política de habitação de sucessivos governos que têm reiteradamente falhado", apontou.
O deputado único do Livre, Rui Tavares, apelou a uma renovação do contrato "democrático, social e ambiental", defendendo o Estado Social como "um chão de dignidade abaixo do qual ninguém pode descer".
Rui Tavares defendeu que "o verdadeiro problema de Portugal não é um problema económico, é um problema político", e no que toca à renovação do contrato democrático, Tavares alertou para o "conto do vigário daqueles que dizem que vamos limpar o país da corrupção", numa referência ao Chega.
No final da sua intervenção, o deputado único foi aplaudido por alguns deputados da bancada do PS.
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