Com a antecipação das eleições para 10 de março, Mariana Mortágua leva o partido às urnas com menos de um ano como líder do BE, mas afirma, em entrevista à agência Lusa, que está "preparada para melhorar" e para "ter um bom resultado nestas legislativas".
"Eu quero e o Bloco quer crescer e crescer muito e eleger mais deputadas e mais deputados, e esse é o meu objetivo. Mas não me serve de nada, e acho que nem é correto, dizer aos eleitores que o objetivo de um partido é ter um número concreto de deputados. Esses deputados servem para quê", refere, quando questionada sobre a quantificação dessa meta eleitoral.
De acordo com a líder do BE, o objetivo "é conseguir ter uma maioria para aprovar leis e aprovar soluções que digam alguma coisa às pessoas".
Nas legislativas antecipadas de 2022, os bloquistas, então liderados por Catarina Martins, tiveram um desaire eleitoral ao perderem metade dos votos, o que resultou na redução de 19 para cinco deputados, deixando o partido de ser a terceira força política.
Em relação às eleições nos Açores, que acontecem um mês antes das legislativas, o BE, segundo a sua líder, "espera um bom resultado" e manter os dois deputados regionais que tem atualmente.
Sobre o facto de não ter ainda um ano de liderança consolidada, Mortágua mostra-se confortável com este calendário eleitoral e garante que o partido "está preparado para ir a eleições", que eram a "única saída" para crise política provocada pela demissão de António Costa.
"O partido está unido e está unido nesta campanha, neste período eleitoral e essa união existe e é declarada por qualquer dirigente do Bloco de Esquerda em qualquer dos órgãos e publicamente", afirma, ressalvando que se mantém a "pluralidade interna" e as "diferentes opiniões dentro do Bloco".
A deputada sublinha que "está no ADN do Bloco de Esquerda ser uma esquerda plural, que aceita diferentes posições, que debate, que discute diferentes posições", mas destaca que tanto a linha política como "esta vontade de ir a eleições são consensuais dentro do Bloco de Esquerda".
Sobre a perceção de um perfil mais técnico nas áreas da economia e das finanças, Mortágua considera normal por ser aquilo que as pessoas mais veem no seu trabalho quotidiano devido, sobretudo, às comissões de inquérito, mas diz tratar-se de "currículo".
"Eu faço isso e faço muitas outras coisas e acho que a campanha vai mostrar isso. E, aliás, estes dez meses têm demonstrado isso e portanto, sinto-me perfeitamente confortável e perfeitamente à vontade e gosto de estar na rua e o Bloco terá a mesma presença e estará com as pessoas na rua", sublinha.
O BE, nas palavras de Mortágua, é com o PS que quer "fazer o confronto político" e debater ideias e propostas "porque foi o Partido Socialista que esteve no Governo" e "é o responsável pela forma como a crise da habitação se sente hoje e como a crise da saúde se sente hoje".
No entanto, a coordenadora antecipa também críticas e oposição à direita no período eleitoral.
"E parte da campanha é fazer oposição à direita e o país merece saber quem são os financiadores do Chega. O país merece saber que o partido que se apresenta como um partido antissistema é um partido pago pelo sistema", defende.
Depois das eleições nos Açores e das legislativas, Mariana Mortágua terá ainda de enfrentar as eleições para o Parlamento Europeu, mas questionada sobre se conta com a antiga líder do BE Catarina Martins para encabeçar a lista do partido, não abre o jogo.
"Espero tê-la na campanha, a fazer estrada nas iniciativas públicas da campanha do Bloco de Esquerda e conto com ela para tudo o que há de vir antes, durante e depois destas eleições legislativas", respondeu apenas.
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