Geringonça foi a "única governação em que se fez exatamente" o prometido

A coordenadora bloquista, Mariana Mortágua, considera que a "a única governação em que se fez exatamente o que se disse que se ia fazer" foi a da Geringonça, entre 2015 e 2019, período que merece "consensualmente uma avaliação positiva" do BE.

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© Rita Franca/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Lusa
29/01/2024 06:29 ‧ 29/01/2024 por Lusa

Política

Mariana Mortágua

"Orgulhamo-nos de ter feito a Geringonça, orgulhamo-nos de ter feito aquele acordo, orgulhamo-nos de ter retirado a direita do poder, de ter travado aquele processo de terraplanagem de direitos sociais, de ter voltado a dar dignidade ao país, de termos sido a garantia, provavelmente do único governo que fez o que disse que ia fazer", defende Mariana Mortágua em entrevista à agência Lusa a propósito das eleições legislativas de 10 de março.

Na opinião da líder bloquista, o governo minoritário do PS, apoiado parlamentarmente por BE, PCP e PEV entre 2015 e 2019 e que ficou apelidado de Geringonça, "criou uma coisa única".

"Foi a única governação em que se fez exatamente o que se disse que se ia fazer. Houve um acordo e esse acordo foi cumprido e o Bloco tem consensualmente uma avaliação positiva desse tempo", enfatiza.

Situação diferente, segundo Mortágua, foi o que aconteceu depois de 2019, quando o BE propôs "ao PS um acordo escrito", mas o partido de António Costa "preferiu não se comprometer" com esta solução e "navegar à vista na tentativa de, na primeira oportunidade, procurar a maioria absoluta".

"E aquilo que não se pode pedir ao Bloco de Esquerda é que passe cheques em branco ao Partido Socialista ou que desista do objetivo de salvar o SNS em nome de nada. Quando foi necessário, propusemos as medidas para salvar o SNS, que teriam impedido o que agora está a acontecer, e o Partido Socialista não aceitou", refere.

A decisão de votar contra o Orçamento do Estado para 2021 "foi maioritária" dentro do BE, segundo a líder bloquista, que aponta ao partido um "passado de coerência e de decisões que foram muito discutidas internamente" e com as quais estão confortáveis.

Sobre as eleições antecipadas de 10 de março, Mortágua defende que, apesar de Marcelo Rebelo de Sousa dever ter tido muitas vezes "uma posição mais discreta e reservada", se "há uma área em que o Presidente da República deve intervir é quando há uma crise política e o primeiro-ministro se demite".

"António Costa decidiu demitir-se por decisão própria. Quanto a mim, o Presidente da República fez o que tinha que fazer, que foi convocar eleições e chamar os cidadãos a decidir sobre qual será o próximo governo e a próxima maioria na Assembleia da República", refere.

Para a dirigente bloquista, é preciso "separar a forma do conteúdo", mas é evidente que a "disputa palaciana que se foi criando e adensando" entre Costa e Marcelo "criou um clima de tensão e crispação que não ajuda ao debate político"

"Agora não foi esta crispação que criou uma crise social, não foi esta crispação que criou um problema na habitação, na saúde, na escola pública e um problema no próprio regime económico e na forma como os negócios se fazem", adverte.

Na análise de Mortágua, "a crise é real, não é uma crise de perceção, nem uma crise de disputas palacianas".

"É a crise de quem recebe um salário e não consegue pagar a sua casa", sintetiza.

Leia Também: "Compromisso do BE é com cada pessoa que quer uma casa que possa pagar"

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