O PS/Açores não vai viabilizar o programa do Governo Regional que será apresentado pela coligação PSD/CDS/PPM, que venceu as eleições sem maioria absoluta, no passado domingo, 4 de fevereiro.
O anúncio foi feito, esta sexta-feira, a partir da sede do partido açoriano, localizada em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, por Vasco Cordeiro.
"A decisão do PS/Açores sobre a votação do programa do XIV Governo Regional dos Açores e a orientação de sentido de voto que a esse propósito será transmitida ao grupo parlamentar do PS na Assembleia Legislativa da Região é a de voto contra", declarou, explicando que a decisão foi aprovada por "unanimidade" quer na reunião do secretariado regional, quer na comissão regional do PS/Açores que tiveram lugar na quinta-feira, em Ponta Delgada.
Antes de anunciar o sentido de voto do PS/Açores ao programa do governo encabeçado por José Manuel Bolieiro, Vasco Cordeiro descreveu a estratégia da oposição como uma "armadilha política que só os ineptos e ingénuos poderão ponderar cair", uma vez que considera que o PSD/Açores está a tentar que o PS viabilize o programa do Governo Regional, numa "tentativa desesperada de se livrar de alguém que se tornou demasiado forte", referindo-se ao Chega.
Contudo, isso não vai acontecer porque considera que isso seria uma "subversão política da vontade dos açorianos" que votaram no PS.
"A instabilidade é a responsabilidade de quem criou o quadro político que vivemos hoje e alimentou a sua dependência da extrema-dirieta. Há política nacional a mais e Açores a menos na gestão que a coligação PSD/CDS-PP/PPM e Chega estão a fazer da situação resultante das eleições de 4 de fevereiro. Também por isso há a necessidade de tornar clara a posição política que o PS/Açores assume face ao Programa do XIV Governo Regional, porque fazê-lo já é um sinal claro de respeito pela autonomia dos Açores, mas, não menos importante, a reafirmação evidente da autonomia de decisão do PS/Açores", afirmou ainda o líder dos socialistas açorianos.
Para Vasco Cordeiro, "com os seus silêncios, e mais uma vez as expressões dúbias ou dúplices", o PSD e o Chega estão a tratar o futuro dos Açores "não em função do interesse dos açorianos, mas em função do que interessa aos diretórios nacionais desses partidos", designadamente as eleições legislativas antecipadas de 10 de março.
Recorde-se que nas eleições regionais de domingo, PSD/CDS-PP/PPM elegeram 26 deputados, ficando a três da maioria absoluta.
José Manuel Bolieiro, líder da coligação de direita, no poder no arquipélago desde 2020, disse que irá governar com uma maioria relativa nos próximos quatro anos.
O PS é a segunda força no arquipélago, com 23 mandatos, seguido pelo Chega, com cinco mandatos. BE, IL e PAN elegeram um deputado regional cada, completando os 57 eleitos.
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