O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, afirmou esta quarta-feira que se sente "desobrigado" a viabilizar um governo minoritário da Aliança Democrática (AD) uma vez que não há, da parte da oposição, o "valor da reciprocidade".
"Ninguém pode impor ou exigir ao PS que faça aquilo que o PSD não está disponível para fazer. Esta é uma questão muito importante porque o valor da reciprocidade é, de facto, muito relevante", começou por dizer Pedro Nuno Santos, em declarações aos jornalistas, à margem do congresso da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), na Alfândega do Porto.
"Se o PSD não está disponível para viabilizar um governo minoritário do PS, o que é que isso significa sobre potenciais alianças que o PSD quer construir?", questiona Pedro Nuno, salientando que "o país precisa de estabilidade na política e nas políticas" e que os socialistas "têm condições" para a garantir, ao contrário dos partidos à Direita.
"Por isso é que eu falava de bagunça. Não é só porque não se entendem, não é só porque André Ventura quer Luís Montenegro, Montenegro prefere Rui Rocha, Luís Montenegro e Rui Rocha não querem André Ventura, não é só por isso. É porque, de facto, a AD apresenta ao país um programa que é uma verdadeira aventura fiscal e corresponde a um buraco orçamental muito significativo".
Recorrendo aos números, o dirigente socialista disse que a "aventura fiscal significa, em quatro anos, menos 16,5 milhões de euros", um valor que sobe "para 23,5 milhões de euros" se for acrescentado "às outras medidas que estão no cenário do próprio PSD", alertando, a propósito, que os tempos que se avizinham "são de incerteza, que exigem prudência".
Para justificar esse cuidado, lembrou que recentemente França apresentou "um pacote de austeridade de 10 mil milhões de euros", enfatizando não ser isso que quer que aconteça em Portugal.
Dando a entender que há abertura para um governo com maioria de Esquerda e na sequência da acusação dos jornalistas de estar com "consecutivas piruetas", Pedro Nuno Santos atira: "Santa paciência".
"O PS foi claro naquilo que está disponível para fazer. Foi, aliás, o único partido que foi claro: vai governar se vencer as eleições ou se conseguir constituir uma maioria", explica o líder socialista, concluindo que "é importante que o PSD também seja claro".
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