O atual presidente do PSD e o seu antecessor chegaram hoje juntos, a pé, a uma arruada em Viana do Castelo, e até subiram a uma varanda fazendo o "V" de vitória, no que ambos disseram tratar-se de um sinal de união.
"Sinal de união é seguramente, de desunião é que não seria", afirmou Rui Rio, no final aos jornalistas, em tom bem-disposto.
Montenegro considerou esta presença do anterior líder do partido, contra quem já disputou a liderança e teve grandes divergências no passado, "uma expressão da junção e agregação" com que a AD está a encarar esta campanha.
"O dr. Rui Rio é um político com muita experiência, muito trabalho feito. Foi presidente do PSD, é uma honra estar aqui e poder partilhar esta caminhada pelas ruas de Viana", disse, salientando a ligação afetiva do ex-líder a este distrito.
Questionado sobre a mensagem que quer deixar nesta campanha, Rui Rio, que liderou o PSD entre 2018 e 2022, considerou que "já está praticamente tudo dito, as pessoas já têm os dados todos para pensar no que vão fazer".
"Tudo se resume a uma situação muito simples: quem entende que o país está bem, vai repetir o voto que sempre fez; quem entende que o país não está bem, que quer estar melhor, que deve haver uma mudança, se quer mesmo mudar, só tem realmente uma alternativa", respondeu, sem nomear nem PS nem AD.
Rio acrescentou que "mudança de pessoas vai haver" depois das legislativas de domingo, mas a mudança de políticas não é garantida.
"Quem acha que tudo tem corrido bem, não mexe, quem entende que o país precisa de uma mudança e melhorar em muitos setores, obviamente só tem uma alternativa que é mudar", disse.
O ex-líder do PSD disse que "obviamente" acredita numa vitória da AD, embora alerte que não se deve confiar nas sondagens, e recusou dar conselhos a Luís Montenegro, considerando que não são necessários e, se fossem, seria no início.
"Agora já está praticamente tudo dito, não há mais argumentos a não ser a componente mais emotiva para levar as pessoas a votar", disse.
Questionado se o voto de protesto pode penalizar a AD, Rio defendeu que o primeiro penalizado será o PS.
Já desafiado a comentar o que poderá estar na base de uma eventual derrota na AD, respondeu: "Se isso acontecer tem a ver, na minha opinião, com fatores que foram determinantes como aconteceu também no meu tempo, com aspetos como o salário mínimo e as reformas, que levarem as pessoas a votarem com base nessa historia e esquecendo o futuro do país", disse.
"Ou nós votamos no futuro de amanhã, a 24 horas, ou votamos no futuro a cinco, seis anos de distancia. Quem pensar no futuro do país, dos seus filhos e netos, aí tem de mudar, está provado que esta foi uma governação que pensou no dia de amanhã mas não no futuro de país", disse.
Questionado se, num cenário de vitória da AD, Montenegro pode contar consigo, disse que "como militante do PSD sempre".
"Para lá disso, cada um tem a sua vida. Para ajudar estou disponível, agora depende do que é ajudar", disse, mantendo o tom bem-humorado.
Foi também com ironia que respondeu à pergunta se concordava com a estratégia seguida por Montenegro nesta campanha.
"Nem que eu discordasse, não ia dizer, já viu o que era vir à campanha dizer que discordava? Não tinha pés nem cabeça", brincou, acrescentou que está "basicamente concordante", tal como com a opção de ter sido feita uma coligação com o CDS-PP, que recusou em 2022.
Foi no mesmo tom que respondeu à pergunta sobre qual deve ser a estratégia para lidar com o crescimento do Chega.
"Em Viana do Castelo custa-me um bocado dizer mal do Chega, já não sabíamos como nos havíamos de ver livres do dr. Eduardo Teixeira e o Chega levou-o, prestaram-nos um enorme serviço", ironizou, referindo-se ao ex-deputado do PSD, que é agora cabeça de lista do Chega por este círculo.
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