António Costa é capa da versão europeia do conceituado semanário Politico esta quinta-feira, 7 de março.
No longo artigo, intitulado "Como desmoronou o mundo de António Costa", o socialista é descrito como um "solucionador de problemas" que enfrenta agora o "maior desafio de sempre: limpar o seu nome a tempo de se tornar presidente do Conselho Europeu".
O jornalista que assina o artigo começa por recordar a interrupção "abrupta", numa "ensolarada manhã de novembro", daquela que é considerada uma "espetacular carreira política", após uma rusga "dramática" das autoridades ao Palácio de São Bento, edifícios dos ministérios, casas privadas de vários funcionários e até à sede do partido socialista português.
Has António Costa struck his last deal?
— POLITICOEurope (@POLITICOEurope) March 6, 2024
Portugal's problem-solving prime minister faces his greatest challenge ever: Clearing his name in time to become president of the European Council. #TomorrowsPapersToday pic.twitter.com/nIBe0yctpG
Apesar de existirem dúvidas sobre o envolvimento do primeiro-ministro português, ainda em gestão, o comunicado do Ministério Público, que Aitor Hernández-Morales descreve como "explosivo", "virou o mundo do líder socialista de cabeça para baixo" e à hora de almoço daquele dia – em que o seu chefe de gabinete foi detido e o ministro das Infraestruturas constituído arguido – "Costa já estava fora".
Realça ainda o mesmo artigo que a notícia caiu "quem nem uma bomba, não só em Lisboa, como nas capitais de toda a Europa", uma vez que isso coloca em causa o homem "muito querido" de Macrón e Orbán, que muitos viam como "administrador competente e negociador hábil" e o "sucessor ideal" de Charles Michel, Presidente do Conselho Europeu, cujo mandato termina no outono de 2024.
Para o Politico, António Costa tinha algumas falhas que já tinham deixado de ser há muito tempo "um segredo em Lisboa". O seu estilo de governação permitiu "grandes vitórias", mas as suas "táticas" acabaram por minar o seu próprio governo, "fissuras visíveis" para quem olhasse além dos "deslumbrantes azulejos portugueses", utilizados para ilustrar a capa do Politico.
Uma vez que o chefe de Governo em gestão não foi formalmente acusado de qualquer crime, muitos mantêm a esperança de que a sua inocência seja totalmente demonstrada a tempo de "trazer os seus inegáveis talentos para o escritório no topo do edifício Europa".
Apesar do futuro de António Costa parecer "risonho", realça o semanário que a concretização das suas ambições europeias são incertas, uma vez que há dúvidas sobre se o socialista será agora o perfil mais adequado para "fazer novos acordos em Bruxelas".
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