Aguiar-Branco elogia acordo com PS. "Interesse nacional foi prioritário"

O presidente da Assembleia da República deu, esta quarta-feira, a sua primeira entrevista enquanto responsável no cargo, durante a qual elogiou o acordo entre PS e PSD alcançado para a sua eleição.

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© Leonardo Negrão/ Global Imagens

Teresa Banha
27/03/2024 22:37 ‧ 27/03/2024 por Teresa Banha

Política

Aguiar-Branco

O novo presidente da Assembleia da República, José Aguiar Branco, falou, esta quarta-feira, sobre o panorama político, após o impasse que surgiu no âmbito da sua eleição, bem sucedida à 4.ª votação, e mais de 24 horas depois de ter começado este processo.

"Numa situação de impasse, em que era preciso o normal funcionamento das instituições, foi conseguida uma solução. O interesse nacional foi o prioritário. Quando podemos pôr a democracia a funcionar é sempre positivo", apontou, em declarações à CNN Portugal, referindo-se ao acordo alcançado entre o Partido Socialista (PS) e o Partido Social Democrata (PSD) para a sua eleição.

Confrontado com o facto de a proposta que resolveu o impasse para a eleição ter sido apresentada pelo PS, Aguiar Branco atirou: "É  indiferente. Para a proposta ser aprovada, digamos assim, é preciso o acordo da duas partes. Foi conseguido o consenso. É preciso ter um exercício de consensos na Assembleia da República porque a aritmética é aquela que é; obriga a que na Assembleia se façam os consensos necessários para que a democracia funcione. Este é um bom exemplo disso. Não há dogmas".

Aguiar-Branco falou ainda sobre a forma com iria lidar com o grupo parlamentar do Chega, agora com 50 deputados. "Não faço distinção de deputado A ou B. Todos foram eleitos com voto universal, todos merecem o mesmo respeito. Quer dos cidadãos, quer dos protagonistas políticos. O meu registo de equidistância, respeito, reagir e também de lealdade é também com os 229 deputados da Assembleia da República", explicou.

O social-democrata sublinhou que teria uma atitude diferente da do seu antecessor, Augusto Santos Silva, dadas as diferentes maneiras de ser. "Cada um é que é. Aquilo que será a minha gestão na Assembleia, na condução de trabalhos, será com esta indicação que fiz de equidistância, rigor, disciplina", reforçou.

"Não interessa fazer a avaliação do passado"

Sendo recordado dos 'atritos' que aconteceram entre Santos Silva e alguns deputados do Chega durante sessões na Assembleia da República, Aguiar-Branco deu garantias de que não era o partido de qualquer deputado que iria condicionar o seu comportamento. O social-democrata não quis responder sobre se o seu antecessor fazia, de facto, esse tratamento diferenciado, considerando que "não interessa fazer a avaliação do passado".

Já questionado sobre a presença de Diogo Pacheco Amorim na vice-presidência, Aguiar-Branco foi perentório: “É a normalidade que está prevista no regimento. Não podemos fazer uma distinção da representação popular na AR em função de critérios que não são aqueles que são os critérios que o próprio regimento prevê. Acho natural que os quatro maiores partidos tenham direito a ter essa representação na vice-presidência. Digamos, está disposta a normalidade democrática”.

De lembrar que o deputado social-democrata foi eleito presidente da Assembleia da República esta quarta-feira, depois de o PS e o PSD terem 'fechado um acordo, no qual ficou estabelecido que o social-democrata assumirá a liderança do Parlamento nos primeiros dois anos de legislatura, passando depois a 'cadeira' para um deputado socialista. O acordo foi fechado depois do impasse a que o país assistiu na terça-feira, quando a sua candidatura não teve conseguido votos suficientes para ser validada.

Após esta 'falha' a polémica 'estalou', dado que o Chega tinha falado sobre um acordo com o PSD para esta eleição. Perante este nome ter sido barrado, o PS propôs Francisco Assis e o Chega propôs Manuela Tender, mas, não havendo o consenso, uma nova votação ficou marcada para esta quarta-feira.

PS e PSD chegaram a acordo, horas depois de o líder do Chega ter dito que iria pedir para falar com Luís Montenegro.

[Notícia atualizada às 22h47]

Leia Também: "Novo ciclo", "desafio". A reação dos partidos à eleição de Aguiar-Branco

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