O presidente do Chega, André Ventura, voltou a comentar as declarações polémicas de Marcelo Rebelo de Sousa relativas à reparação às ex-colónias, considerando que, a ser tomada, será um "suicídio financeiro e uma imposição arbitrária aos portugueses que não faz nenhum sentido".
"As palavras do Presidente da República não deixaram caminho por desbravar, impuseram um caminho que tem de ser percorrido e esse caminho é o da compensação, que entendemos ser completamente injusta e profundamente desnecessária", começou por dizer André Ventura, em declarações aos jornalistas, à margem da campanha eleitoral que decorre no Funchal, Madeira.
Ventura reiterou que o Chefe de Estado "coagiu o Governo a uma decisão que não queria", além de que "a maioria do povo português é alheia e profundamente contra".
"Em caso algum, o povo pode aceitar autoinfligir-se uma dose de responsabilidade destas com uma dose de consequências que isto acarreta", observou ainda.
Para o líder do Chega, compensar "os países onde esteve" é, para Portugal, um "suicídio financeiro e uma imposição arbitrária aos portugueses", que, na sua opinião, "não faz nenhum sentido".
Ventura revelou que recebeu inúmeros contactos de, pro exemplo, ex-combatentes portugueses e deixa uma garantia: "Se algum dia tivéssemos de fazer algum processo de reparação, seria a estes homens e mulheres".
"Se algum dia o Chega governar, o único processo de reparação que vai ser feito será às centenas de milhares de homens e mulheres que tiveram de fugir sem nada, que foram abandonados sem nada à mercê dos seus inimigos e aos antigos combatentes que perderam os melhores anos da sua vida, aos nossos pais, aos nossos avós, que tiveram de lutar", destacou ainda.
Neste sentido, André Ventura passou 'a bola' para o Parlamento - onde hoje foi entregue um projeto de deliberação - salientando que este deverá "ficar ao lado de um Presidente da República que traiu o seu país" ou, por outro lado, "estará ao lado dos milhares, senão milhões, de injustiçados que sentem estas palavras com a maior fúria".
Este projeto de deliberação requer a abertura de um processo contra o Presidente da República pelos crimes de traição à pátria, coação contra órgãos constitucionais e usurpação.
"O Chega requer à Assembleia da República que dê início às diligências conducentes à abertura de processo próprio contra Sua Excelência o Presidente da República pelo crime de traição à pátria, coação contra órgãos constitucionais e usurpação", lê-se na proposta divulgada pelo partido.
"Queria apelar ao PS e PSD, os únicos que connosco podem fazer maioria, para que deixem a questão seguir, para que o Supremo Tribunal possa analisar se estas declarações configuram ou não um crime no exercício do Presidente da República", assinalou Ventura.
Por todas estas razões, André Ventura salientou que hoje será entregue a queixa formal e inédita contra Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhando que o Presidente da República "não é um mero cidadão com liberdade de expressão".
[Notícia atualizada às 16h51]
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