"Se ambos os documentos já não davam resposta ao subfinanciamento e ao valor recorde de dívida a fornecedores na saúde, que já atinge os 200 milhões de euros, fica por demais evidente que o Orçamento para 2024, como está, não resolve os problemas dos açorianos de Santa Maria ao Corvo", afirmou o socialista Carlos Silva.

O deputado falava hoje na Assembleia Regional, na Horta, no arranque da discussão do Plano e Orçamento dos Açores para 2024.

Carlos Silva alertou que os governos regionais liderados por José Manuel Bolieiro (PSD) causaram uma "herança de 800 milhões de euros em dívida" em três anos, sem que se existam "novos investimentos ou melhorias nas condições de vida da população".

"A região continua a bater recordes no aumento da sua dívida pública, com mais 140 milhões só em 2023, ano em que, segundo o próprio governo, seria de endividamento zero", assinalou.

O deputado condenou a atuação do Governo Regional durante o processo de privatização da Azores Airlines, considerando que o executivo "escondeu informação e foi gerador de mais instabilidade, dentro e fora da companhia".

"Em pouco mais de um ano, a meio do seu processo de reestruturação e com a situação financeira da SATA a agravar-se, já vamos em quatro demissões de administradores e a caminho do terceiro novo conselho de administração", assinalou.

Carlos Silva acusou ainda o executivo açoriano de agir como se "fosse dono da região e da verdade".

"Mesmo numa situação de calamidade, em que o Governo Regional deveria ser o principal promotor do diálogo e da concertação com todos, assistimos a precisamente o contrário", vincou.

E acrescentou: "Reiteramos aqui, no início da discussão do Plano e Orçamento para 2024, o nosso compromisso com os açorianos e o espírito de missão que nos mobiliza a ser parte da solução".

O parlamento açoriano iniciou hoje o debate das propostas de Plano e Orçamento Regional 2024, sem a ameaça do chumbo do documento apresentado pelo executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM, mas com o sentido de voto do PS ainda "em aberto".

A proposta de Orçamento, que define as linhas estratégicas do executivo de coligação para este ano, contempla um valor de 2.045,5 milhões de euros, semelhante ao apresentado em outubro de 2023 (2.036,7 milhões).

É a segunda vez que o Governo Regional de coligação, liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, apresenta uma proposta de Plano de Investimentos para este ano, depois de a anterior ter sido rejeitada na Assembleia Legislativa, em novembro, com os votos contra de PS, BE e IL e a abstenção de Chega e PAN, o que levou o Presidente da República a convocar eleições antecipadas.

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