Vasco Cordeiro chamou hoje à atenção, no parlamento açoriano, para o "aproveitamento político inqualificável" que o Governo Regional e os partidos da coligação "estão a fazer da desgraça que se abateu sobre o hospital de Ponta Delgada", que foi atingido por um incêndio a 04 de maio.
"Os senhores querem transformar este Plano e este Orçamento na discussão da recuperação do hospital de Ponta Delgada. A recuperação do hospital de Ponta Delgada é muito importante, é essencial para a saúde dos açorianos, mas a recuperação do hospital não esgota aquilo que está em discussão neste Plano e neste Orçamento. Está muito mais em discussão", afirmou.
O socialista proferiu as declarações após o seu partido ter sido criticado pelo deputado social-democrata Joaquim Machado por ainda não ter dito se vai viabilizar ou não o Orçamento, para que o hospital "possa renascer das cinzas".
"Aquilo que os senhores estão a fazer e fizeram desde a primeira hora é, sob um manto de opacidade e de falta de transparência, querer colocar os partidos que estão representados nesta casa perante a seguinte escolha: se os senhores votarem a favor do Plano são a favor da recuperação do hospital de Ponta Delgada, se os senhores não votarem a favor do Plano não são a favor da recuperação", afirmou.
Na opinião de Vasco Cordeiro, "isso é um aproveitamento político da desgraça que aconteceu no hospital de Ponta Delgada que pode e deve ser denunciado".
Segundo o deputado e líder do PS/Açores, que falava durante o plenário no parlamento dos Açores, na Horta, no debate que marcou o arranque da discussão do Plano e Orçamento para este ano, caso os partidos da coligação estejam interessados em ter - da parte dos partidos representados na Assembleia regional -, "a solidariedade reclamada", o presidente do Governo Regional deve, esta tarde, reunir com todos os partidos e explicar a situação do hospital.
"Não se meta em copas, que é aquilo que o senhor tem feito até agora, arvorando apenas com a questão do acidente e da desgraça que houve", disse, dirigindo-se a José Manuel Bolieiro que o escutava.
O social-democrata Joaquim Machado respondeu a Vasco Cordeiro dizendo que "o aproveitamento político não é do Governo Regional, não é dos partidos da coligação", mas sim do PS.
"Sabe quantas reuniões o PS andou a fazer por estas ilhas depois do incêndio com unidades de saúde? Para quê? Para lançar o pânico entre os açorianos, para levantar a suspeita de que o Serviço Regional de Saúde não vai dar resposta cabal a cada uma das nossas ilhas", afirmou.
E prosseguiu: "Foi para isso que os deputados do PS, à última da hora, depois do Plano e Orçamento estarem entregues há muito tempo [...], depois de já terem ouvido os membros do Governo Regional, andaram a reunir com as administrações dos conselhos [de administração] das unidades de saúde de Ilha".
"Senhor deputado Vasco Cordeiro, quem fez e faz aproveitamento político desta matéria não é a coligação, nem o Governo, que estão a trabalhar para isso. [É] o PS. Ao menos, pelo tempo que ainda tem de liderança, ponha alguma serenidade no seu partido, porque a desorientação é muito grande e os senhores só dão prova de não estarem à altura de ajudar [a resolver] aquilo que é um problema grave que a região tem", concluiu Machado.
Vasco Cordeiro voltou a usar da palavra para repudiar a acusação de o PS contribuir para lançar o pânico na população: "Eu repudio e rejeito por completo esta acusação torpe e demagógica".
O Plano e o Orçamento dos Açores para 2024, com um valor de 2.045,5 milhões de euros, semelhante ao apresentado em outubro de 2023 (2.036,7 milhões), começou hoje a ser debatido em plenário na Assembleia Legislativa Regional, na Horta.
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