PCP valoriza acordo com professores mas avisa que "há muito por fazer"
O secretário-geral do PCP valorizou hoje o acordo alcançado entre o Governo e professores para a recuperação integral do tempo de serviço, mas avisou que contém "aspetos negativos" e ainda "há muito por fazer".
© Getty
Política Paulo Raimundo
Em declarações aos jornalistas após ter visitado a exposição "Um Século de Portugal: Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto", em Lisboa, Paulo Raimundo defendeu que o Governo "não tinha alternativa senão responder a exigências de compromissos que tinha assumido".
"O Governo não tinha nenhuma possibilidade de não responder a essa necessidade. É fruto da luta dos professores", afirmou.
O líder do PCP salientou que o problema só não foi resolvido mais cedo porque "o PSD roeu a corda" em 2019, e porque o PS também não o quis resolver em 2022, quando tinha maioria absoluta.
A solução encontrada, prosseguiu Paulo Raimundo, tem "aspetos positivos, mas também tem aspetos que são negativos, desde logo naquele número imenso de professores e educadores que deixa de fora".
"Portanto, quero valorizar os passos que se deram. Mas há muito ainda por fazer, por recuperar e por exigir, e o Governo que não pense que ficou com o problema resolvido", disse.
Já questionado sobre a escolha do médico António Gandra d'Almeida como novo diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Paulo Raimundo disse não o conhecer e não querer "falar sobre pessoas em concreto".
"A questão não é essa: a questão é que os problemas do SNS estão para lá da estrutura ou até de quem é o responsável da estrutura", disse, defendendo que o problema são as políticas de fundo e defendendo que são necessários mais profissionais de saúde e mais investimento.
"Se nós não alterarmos a opção de fundo, e a opção política, até podemos estar perante um extraordinário perfil para levar por diante a tarefa que o Governo lhe está a incumbir, que não alteramos nada na realidade da vida das pessoas", disse.
O secretário-geral do PCP defendeu que é necessária outra política de saúde, acrescentando que", infelizmente, a opção do Governo é a transferência cada vez maior de recursos públicos para o setor dos grupos económicos que fazem da doença um negócio".
"Isto não é um caminho não pode ser. O SNS é aquele que não pergunta quanto é que tem na conta, se tem ou não tem seguro de saúde, não pergunta qual é a doença: recebe, trata, independentemente da condição de cada um. É disso que nós precisamos", disse.
Sobre a exposição que visitou, Paulo Raimundo saudou a Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto (CPCCRD) pelo seu centenário, que vai ser assinalado este sábado num congresso em Setúbal, salientando que as associações são "autênticas escolas de formação" a nível nacional para "milhares de jovens e de adultos".
Salientando que há mais de 35 mil associações de cultura, recreio e desporto em todo o país, Paulo Raimundo defendeu que são estruturas que precisam de apoio, uma vez que há cada vez menos pessoas com disponibilidade para ser dirigente associativo, seja devido aos baixos salários ou a horários desregulados.
"Nós ultrapassamos essa situação aumentando qualidade de vida, dando resposta às necessidades básicas, atacando as questões fundamentais dos salários, do combate à precariedade. Estamos a contribuir para a melhoria das condições de vida de todos, mas também para a vida associativa", disse.
Por sua vez, o presidente da CPCCRD, João de Matos Bernardino, salientou que a confederação representa mais de 35.500 associações a nível nacional, e tem "mais de 450 mil dirigentes associativos".
"Estamos inseridos na sociedade e naturalmente temos dificuldades. Refletimos as dificuldades que a sociedade sente e, nesse sentido, queríamos reconhecer e agradecer as preocupações do PCP", disse.
Na terça-feira, a Federação Nacional da Educação (FNE) e o Governo alcançaram um acordo para a recuperação do tempo de serviço congelado durante a 'Troika', que será devolvido ao longo de quatro anos.
Do total de organizações sindicais que estiveram reunidas com o MECI, cinco recusaram a proposta: Fenprof, Stop, Pró-Ordem, SEPLEU e ASPL.
O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, disse que o sindicato tinha recusado o acordo porque deixaria de fora cerca de 25.400 professores que estão no fim de carreira.
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