Este apelo foi transmitido por Alexandre Poço, também vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD, pouco depois de o líder da JS, Miguel Matos, igualmente em conferência de imprensam, ter advertido que o PS estará contra o novo IRS Jovem proposto pelo Governo caso a medida "não seja alterada e continue a beneficiar quem tem maiores rendimentos".
Alexandre Poço rejeitou estas críticas do líder dos jovens socialistas, defendeu a proposta aprovada em Conselho de Ministro na quinta-feira, salientando que beneficiará "todos os jovens" (menos os do último escalão de rendimentos) e avançou com um caso concreto para fundamentar a sua posição.
"Um jovem que ganhe mil euros de rendimento por mês, hoje, paga de IRS 1411 euros, mas com a nova proposta passará a pagar 471, o que representa uma poupança de 941 euros. Dizer a um jovem, que ganhe mil euros, que pode ter uma poupança de quase um salário por ano, só pode ser uma boa política. É uma boa política sobretudo para o jovem que está em início de carreira profissional (com 21, 22 ou 23 anos) saber que terá um regime fiscal próprio num horizonte superior a 10 anos", salientou o presidente da JSD.
Interrogado sobre as reações negativas da oposição às medidas destinadas aos jovens anunciadas pelo Governo, Alexandre Poço pediu para que não se critiquem as propostas "apenas por elas serem provenientes de outro partido".
"Apelo ao PS e a todos os partidos representados na Assembleia da República a que pensem nos jovens portugueses que podem ter um alívio fiscal na ordem dos dois terços no IRS. Pensem nos jovens portugueses que, na compra de uma casa que custa 250 mil euros, só no IMT (Imposto Municipal Sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis) e imposto de selo, vão beneficiar de um alívio na ordem dos nove mil euros", realçou.
Para Alexandre Poço, se os partidos colocarem os jovens portugueses "acima da crítica partidária e não discordarem só porque a medida vem de um Governo diferente, então as oposições, no final do dia, terão muitas razões para viabilizarem as medidas que precisam de ser aprovadas em sede parlamentar".
Na conferência de imprensa, o líder dos jovens social-democratas rejeitou também que tenha havido plágio do Governo relativamente ao projeto do PS para a concessão de apoios ao alojamento estudantil e que foi aprovada na quarta-feira na Assembleia da República, mas em relação à qual o PSD votou contra.
"É uma proposta diferente, porque a do Governo tem como base referência o valor do indexante de apoios sociais. Mas não sabemos quanto custa o projeto do PS, quantos jovens pretende alcançar e nem sabemos qual o seu impacto em termos de apoio financeiro para os jovens", argumentou.
Alexandra Poço advogou, neste contexto, que não há qualquer continuidade entre as medidas do executivo socialista anterior e as do atual Governo PSD/CDS-PP.
"Veja-se o Programa Porta 65. Agora, o jovem poderá passar a candidatar-se ao programa, saber se o Estado apoia. Depois, esse jovem tem dois meses para procurar uma casa compatível com o seu rendimento e com o montante de apoio que lhe será atribuído", apontou.
Mas o presidente da JSD invocou ainda outro exemplo relativo à compra de casa por parte dos mais jovens.
"Na compra de uma primeira casa, o Governo do PS nunca aceitou atribuir aos jovens isenção de IMT e imposto de selo. Agora, numa casa que custe 250 mil euros, estamos a falar numa poupança na ordem dos 35 mil euros", assinalou.
Perante os jornalistas, Alexandre Poço defendeu que "não se consegue compreender como os partidos da oposição não se manifestam satisfeitos" com as medidas anunciadas pelo Governo.
"Muitos jovens portugueses querem que estas medidas avancem, porque são positivas. O Governo anunciou [na quinta-feira] um conjunto de decisões que revelam que a juventude é uma prioridade do executivo de Luís Montenegro. O Governo deu um sinal claro de que há futuro para os jovens em Portugal", acrescentou.
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