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BE desafia candidatos a subscrever manifesto pela defesa de domésticas

A cabeça de lista do BE às eleições europeias desafiou hoje os outros candidatos a subscrever um manifesto pela defesa dos direitos das trabalhadoras domésticas porque se "o mundo não vive sem limpeza, não pode humilhar quem limpa".

BE desafia candidatos a subscrever manifesto pela defesa de domésticas
Notícias ao Minuto

15:12 - 02/06/24 por Lusa

Política Eleições Europeias

No meio do jardim da Quinta das Conchas, em Lisboa, o som da música oriunda de Cabo Verde das Batucadeiras Bandeirinhas da Boba, grupo composto por mulheres empregadas domésticas, animava quem passava e quem as ouvia.

"A gente vai aturar tudo isto por causa desse tostão para criar os nossos filhos. É triste. Passamos mal, a gente não tem um direito digno, para umas pessoas que limpam apartamento, parlamento, hospital. Sem limpeza ninguém vive, então temos que considerar quem limpa, mas nós não temos reconhecimento disto", alertou Ilda Vaz, uma das batucadeiras, que de microfone em riste usa a música como forma de protesto.

Em abril, a bloquista Anabela Rodrigues, que durante uns meses ocupou o lugar de Marisa Matias no Parlamento Europeu e agora se recandidata como 'número três' da lista do BE às europeias, levou até Estrasburgo três mulheres trabalhadoras domésticas.

Nessa altura, desafiou os eurodeputados a subscrever um manifesto que, entre outros compromissos, defende a adoção de nova legislação que garanta os direitos dos trabalhadores domésticos em comparação com outras categorias de trabalhadores e medidas de combate à discriminação destes profissionais, na sua grande maioria mulheres e, muitas vezes, imigrantes.

Em causa estão direitos como férias pagas ou o valor de pagamento à hora. 

"Como dizia há pouco uma trabalhadora, o mundo não vive sem limpeza, não pode humilhar quem limpa. Nós precisamos desse respeito, isto é trabalho sobretudo de mulheres, é um trabalho que não é respeitado e o nosso compromisso é para que estas mulheres tenham os mesmos direitos que qualquer outra trabalhadora ou trabalhador", defendeu Catarina Martins, cabeça de lista do BE às europeias.

A bloquista desafiou os restantes candidatos a juntarem-se a este manifesto, lamentando que "quando chega tanto aos direitos do trabalho, como aos das mulheres, infelizmente não há assim tantos partidos capazes de se comprometer".

Interrogada sobre se gostava de ver eleita a 'número três' da lista, Anabela Rodrigues, Catarina Martins voltou a não fixar objetivos eleitorais.

"Vamos a estas eleições com muita humildade, teremos os votos que merecemos, sabemos que o trabalho da Anabela é extraordinário e o compromisso que temos com esse trabalho é total", respondeu.

Maria Varela é trabalhadora doméstica há 24 anos e foi uma das mulheres que voou até ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo, para partilhar a sua história e defender os direitos de muitas mulheres que conhece.

"Eu não tenho razões de queixa mas muita gente tem. Essa é que é a minha luta, porque não é para mim, é para os outros. Às vezes não têm desconto, não têm trabalho digno, choram que se fartam, estão sempre a reclamar e eu digo: vocês na primeira hora que chegam no trabalho têm que pôr aí o direito, eu tenho o meu direito e o meu dever, eu defendo os dois", afirmou.

Maria Varela aconselha estas mulheres a ler tudo o que está no contrato que assinam: "Tem que ler tudo mulher, se não tem óculo, põe lupa", brincou.

A causa é próxima à candidata 'número três' do BE nestas eleições europeias, Anabela Rodrigues, filha de uma empregada doméstica, que morreu "com uma reforma muito pequena".

A bloquista apela aos restantes partidos que assinem este manifesto porque esta realidade "afeta não só quem é de esquerda, como quem é de direita, e quem é de centro, e na verdade vai produzir igualdade de direitos".

[Notícia atualizada às 15h53]

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