Na sexta-feira à noite, no primeiro comício da campanha em que participou e discursou, António Tânger Corrêa disse ter um plano "com amigos americanos" para garantir a "sustentabilidade económica de Portugal através do Atlântico".

Hoje, antes do arranque de mais uma iniciativa de campanha, no Seixal, distrito de Setúbal, o candidato foi questionado pelos jornalistas sobre este plano e considerou que falar em amigos "é um bocadinho exagerado".

"Isto é um projeto, não é um plano, é um projeto muito antigo na minha cabeça, que eu comecei a trabalhar muito antes de o Chega existir e de eu sair do ativo" enquanto diplomata, afirmou.

O antigo embaixador indicou que quando percebeu que "todo este movimento de alargamento" da União Europeia "iria remeter Portugal ainda mais para uma zona periférica, portanto ser o continente português a ser ultraperiférico e não só os Açores e a Madeira", falou "principalmente com os presidentes de algumas fundações americanas, nada de político, apenas e tão só operacional".

Instando a concretizar as fundações em questão, António Tânger Corrêa respondeu: "Isso agora não posso divulgar, porque se o plano é secreto... Não são fundações, são institutos, e são institutos extremamente importantes."

O candidato disse também que falou "com muita gente, e não só dos Estados Unidos", mas também "com ingleses, canadianos, com todo o espaço do Atlântico norte".

"Eu não lhes vou dizer o que é que consta do projeto", afirmou. Questionado se é secreto, ironizou: "É da teoria da conspiração, como dizem alguns."

"Isto só será revelado quando André Ventura quiser, e se ele quiser utilizar ou não nesta campanha, porque não faz sentido, mas numa campanha posterior, o projeto irá cá para fora", indicou.

Tânger Corrêa disse apenas que se trata de "um projeto faseado" para "voltar a centralizar Portugal, voltar a dar aos portugueses aquilo que foi sempre a sua essência, que é o mar".

"O que posso revelar é que tem várias vertentes, tem uma vertente económica, uma vertente social, uma vertente de defesa e uma vertente de recentralização muito importante de Portugal a nível do Atlântico. Eu não vou entrar em pormenores e este projeto será revelado no dia em que André Ventura for primeiro-ministro, vai ser no dia em que André Ventura quiser este plano vem cá para fora", indicou.

Questionado se se trata de uma promessa eleitoral, o cabeça de lista recusou, dizendo que está a aproveitar "as europeias para falar de assuntos internacionais".

Ao lado do candidato, o presidente do partido disse desconhecer este projeto.

"O senhor embaixador revelou um plano que eu espero que me apresente quando for primeiro-ministro. [...] Se conhecesse não era um plano traçado pelo embaixador António Tânger. O Chega se tiver planos com os nossos aliados norte-americanos, ingleses e franceses é melhor do que ter com os venezuelanos, com os iranianos e com os cubanos. Isso é coisa que deixamos para o PCP e para o BE", afirmou André Ventura.

Já a virar costas aos jornalistas, o cabeça de lista prometeu explicar este plano a Ventura mais tarde.

Neste passeio pela zona ribeirinha do Seixal, os apoiantes, que empunhavam bandeiras de Portugal e do partido, gritaram o nome do líder e do candidato, que saltavam ao som dos cânticos da comitiva.

"Quando chegar ao fim da campanha tenho 18 anos. Volto a ser secretário-geral da Juventude Centrista", comentou, em tom de brincadeira, o cabeça de lista, depois de gritar "o Chega unido jamais será vencido".

Passando numa banca de artesanato, o líder do partido apontou para um "galo com a crista" que disse poder oferecer ao candidato da IL, João Cotrim de Figueiredo.

André Ventura foi abordado por alguns populares que pediam fotografias, e ao contrário do que aconteceu nos primeiros dias de campanha, apresentou o candidato a alguns deles.

Leia Também: Tânger tem plano com "amigos americanos" para sustentabilidade económica