O presidente do Chega, André Ventura, reagiu esta terça-feira à notícia de que o antigo primeiro-ministro António Costa recebeu 'luz verde' para vir a presidir o Conselho Europeu.
"A Justiça não tem que saber quem é candidato ao Conselho Europeu, ao Conselho de Estado, a primeiro-ministro ou a Presidente da República. A Justiça tem que fazer o seu trabalho, e o que se espera de uma comunicação social isenta faça o seu trabalho e não cubra as costas de ninguém", disse Ventura, em declarações aos jornalistas.
O líder do Chega teceu fortes críticas à comunicação social e ao caso da divulgação de escutas que envolvem António Costa, em conversa com o antigo ministro das Infraestruturas, João Galamba, sobre a demissão da ex-CEO da TAP Christine Oumières-Widener.
"O país está preocupado com a conversa, mas não com o conteúdo da conversa. O país devia estar a discutir que António Costa foi um dos responsáveis da forma como Pedro Nuno Santos geriu a TAP, como foram pagas indemnizações e foram despedidas pessoas na TAP. Agora, todos os contribuintes têm processos de milhões às costas e não há um canal, um jornal que pergunte 'primeiro-ministro, o que é que quis dizer com estas declarações?'", perguntou Ventura.
O líder do Chega deixou ainda outras questões: "Porque é que se chamam as instituições policiais e judiciais quando os políticos são envolvidos? Porque é que não se chama quando outros são envolvidos? Só quando políticos é que são envolvidos, escutados na podridão e na corrupção, nas negociatas, é que nos preocupamos tanto?".
Sobre eventuais audições, no Parlamento, da Procuradora-Geral da República, ou outros representantes do Ministério Público, Ventura disse que os membros do partido que dirige estão "completamente disponíveis para isso". "Agora, não contem com o Chega para fazer o maior ataque à Justiça, com a cobertura de alguma comunicação social, desde o processo Casa Pia de Lisboa. Este é o maior ataque à Justiça", vaticinou.
André Ventura reiterou a ideia de que se quer "fazer crer que se transformou o país numa nova PIDE", mas "o Chega não vai alinhar na perseguição política aos órgãos de justiça".
"Nunca em nenhum outro processo em que se tenham revelado escutas a indignação foi tanta como com António Costa. Ora, isto mostra um país ainda refém do socialismo, da direção e do comando de António Costa", sustentou.
Seis negociadores da União Europeia escolheram o nome de António Costa para presidir ao Conselho Europeu, bem como o de Ursula von der Leyen para continuar à frente da Comissão Europeia, e o de Kaja Kallas para liderar a diplomacia comunitária.
Na conferência de imprensa, entre outras coisas, André Ventura disse que "nem que Cristo desça à terra" o Chega se congratulará com uma provável eleição de António Costa para a presidência do Conselho Europeu. Considerou, também, que o ex-primeiro-ministro "está sob suspeita" no âmbito da Operação Influencer e que "há uma operação em curso para branquear" António Costa.
[Notícia atualizada às 14h44]
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