O Governo da Madeira entrega esta terça-feira, 2 de julho, um novo programa do executivo social-democrata, depois de ter dado por concluído o ciclo de reuniões com os partidos para consensualizar o documento, com esperança que este possa ser aprovado.

Em declarações aos jornalistas, o presidente do Partido Socialista (PS) da Madeira, um dos partidos que rejeitou negociar com Miguel Albuquerque, reiterou que a posição do partido é de "coerência e responsabilidade".

"Nós não alteramos nada daquilo que dissemos porque o que está aqui em causa não é o programa de Governo, o que vais ser votado na quinta-feira não é o programa do Governo, é uma moção de confiança e o PS não pode ter confiança em quem já deu provas de não merecer essa confiança", atirou Paulo Cafôfo, garantindo que "os interesses da Madeira não estiveram assegurados" nas negociações.

"Esta fantochada, esta encenação que temos assistido não é boa para a democracia, ao contrário do que têm dito porque quando há um compromisso responsável numa negociação é uma coisa, mas não é o que aconteceu", atirou o líder socialista, deixando assim claro que o PS não vai aprovar novamente o Programa do Governo da Madeira.

"Se era para os partidos que participaram nesta fantochada justificarem a mentira e as garantias que deram Miguel Albuquerque e partidos de direita - as meias palavras, palavras ditas e desditas -, se era para isto, era escusado terem submetido toda uma região a uma novela que só descredibiliza a política e mina a democracia", declarou ainda.

No passado dia 19, o chefe do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, anunciou a retirada do Programa do Governo da discussão que decorria no parlamento madeirense há dois dias e com votação prevista para o dia seguinte sob forma de moção de confiança.

O documento seria chumbado, uma vez que PS, JPP e Chega, que somam um total de 24 deputados dos 47 do hemiciclo (o correspondente a uma maioria absoluta), anunciaram o voto contra.

Neste cenário, o Governo Regional convidou os partidos com assento parlamentar para reuniões visando consensualizar um Programa do Governo. PS e JPP rejeitaram. Após as negociações (sem a presença de Miguel Albuquerque nos encontros), o deputado único da IL informou que iria abster-se e a eleita do PAN mostrou-se disponível para viabilizar a proposta.

Já o Chega remeteu a divulgação do sentido de voto para a votação no parlamento do arquipélago.

Nas eleições regionais antecipadas de 26 de maio, o PSD elegeu 19 deputados, ficando a cinco mandatos de conseguir a maioria absoluta, o PS conseguiu 11, o JPP nove, o Chega quatro e o CDS-PP dois, enquanto a IL e o PAN elegeram um deputado cada.

Depois do sufrágio, o PSD firmou um acordo parlamentar com os democratas-cristãos, ficando ainda assim aquém da maioria absoluta. Os dois partidos somam 21 assentos.

Na conferência de imprensa de hoje, o líder do PS/Madeira rejeitou que o partido constitua uma força de bloqueio e enumerou aquelas que os socialistas consideram ser as reais forças de bloqueio na região autónoma, a começar pelo presidente do parlamento, o centrista José Manuel Rodrigues, que acusou de estar interessado apenas em "mordomias".

Paulo Cofôfo apontou também o presidente do executivo como força de bloqueio, lembrando que é arguido num processo que investiga suspeitas de corrupção no arquipélago. Apesar da presunção de inocência e da vitória nas eleições, acrescentou, "o voto popular não elimina processos judiciais", pelo que "a instabilidade vai continuar".

O líder do PS indicou ainda o Chega como força de bloqueio, considerando ser o "partido do não, do nim e do sim", bem como um partido que "vive do caos".

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