Ricardo Lino, de 43 anos, deputado socialista desde 2022 e antigo assessor da Câmara de Coimbra quando esta era liderada pelo PS, recandidata-se ao cargo, tendo como oponente nas eleições da concelhia, que decorrem no sábado, Pedro Miguel Martins, de 56 anos, economista a trabalhar na empresa municipal Águas de Coimbra e antigo membro da Comissão Política Nacional do PS.
Apesar de assumirem o mesmo objetivo - a conquista da Câmara de Coimbra em 2025 (que o PS perdeu em 2021) - e de convergirem em algumas das ideias que querem implementar na preparação das autárquicas e desenho das listas, os dois candidatos fazem um diagnóstico distinto do que foi feito nos últimos dois anos pela concelhia.
Para Pedro Miguel Martins, o partido "está morto em Coimbra, anémico", com falta de debates internos, secções a "definhar" e ausência de qualquer sinal de "aproximação à sociedade".
"Não houve sequer uma convenção autárquica, para juntar os autarcas do PS, individualidades da sociedade civil e fazer uma reflexão do mandato autárquico e apontar pistas para o futuro. A concelhia está parada e isso causa danos à imagem do PS na cidade", criticou.
Na resposta, Ricardo Lino considerou que foi um mandato "atípico", em que se fez sobretudo "um trabalho interno", junto das secções e dos vereadores e deputados municipais eleitos, apontando para o próximo mandato como de "afirmação externa" do PS e de aproximação à sociedade civil.
Quer Ricardo Lino quer Pedro Miguel Martins consideram que tem de se iniciar uma jornada com novos candidatos, parte deles por força da lei, já que sete dos atuais dez presidentes de juntas e uniões de freguesia do concelho de Coimbra eleitos pelo PS estão no seu último mandato.
"É preciso promover uma renovação das lideranças. [...] O cabeça de lista à Câmara Municipal de Coimbra não será Manuel Machado, terá de ser outra pessoa. Honramos a história do partido, mas em 2025 é, claramente, um novo ciclo", afirmou Ricardo Lino, defendendo uma candidatura ampla.
Nesse sentido, o atual presidente da concelhia vê também "com bons olhos" a possibilidade de uma coligação com partidos e movimentos próximos do PS, dando nota do almoço que aconteceu a 25 de Abril, que juntou socialistas, Bloco de Esquerda, Cidadãos por Coimbra, Livre e PAN.
"A nossa candidatura é para agregar e não para excluir. Precisamos de um projeto político mais alargado e abrangente e um PS mais dialogante, que consiga mobilizar", vincou, esperando ter um candidato ou candidata à Câmara definido até ao início de outubro.
Pedro Miguel Martins, que sublinha que não tem "nenhum candidato no bolso", diz que a preparação da candidatura terá de ser feita "em articulação com a distrital e direção nacional", considerando que deverão ser pensadas "novas soluções e novos protagonistas para a Câmara de Coimbra".
"Temos de encontrar os melhores. Há elementos do passado que são válidos, o PS tem obra na cidade e vejo protagonistas do passado que podem ser aproveitados, mas há necessidade de refrescamento e de se ir à sociedade civil buscar gente válida", propôs, esclarecendo que apesar de o antigo presidente do município Manuel Machado ser o número três da sua lista a sua recandidatura "não está em cima da mesa".
As eleições para a concelhia de Coimbra decorrem no sábado.
O PS perdeu a capital de distrito nas autárquicas de 2021, em que a coligação Juntos Somos Coimbra (que juntou PSD, o movimento Somos Coimbra e outros partidos) conquistou a maioria absoluta do executivo camarário com 43,92% dos votos (seis mandatos), contra 32,65% do PS (quatro mandatos), que procurava a reeleição de Manuel Machado.
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