O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, reagiu ao discurso do primeiro-ministro, Luís Montenegro, na Festa do Pontal, e teceu duras críticas ao Governo, sobretudo à forma como gere o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"Ontem, mais uma vez, não pareceu uma intervenção de um primeiro-ministro, mas sim de um líder parlamentar. Aliás, julgo que Luís Montenegro ainda não despiu esse fato e nunca conseguirá ajustar-se àquela que é a posição de um primeiro-ministro", começou por criticar em declarações aos jornalistas, em Silves.
Pedro Nuno Santos considerou que Luís Montenegro não teve a "capacidade em reconhecer aquilo que não está a correr bem" e as suas "falhas". "Aliás, o PSD e o primeiro-ministro descobriram agora que não é fácil resolver os problemas do Serviço Nacional de Saúde (SNS)", frisou, lembrando que o partido "prometeu ao povo português que conseguiria resolver rapidamente todos os problemas".
O socialista afirmou que "foram criadas expectativas" porque o "PSD precisava de ganhar eleições e tentou passar a ideia que só por preconceito ideológico é que os problemas da Saúde não foram resolvidos pelo PS".
"Ao contrário do que o primeiro-ministro disse ontem, os problemas nos serviços de urgência não são menores do que eram há um ano. São maiores", atirou. "Os problemas hoje estão piores do que há um ano por responsabilidade exclusiva do Governo".
Para Pedro Nuno Santos, o Governo "falhou e foi incompetente na gestão" do SNS e era "expectável" que o primeiro-ministro apresentasse no seu discurso "medidas para dar resposta aos problemas na Saúde". No entanto, Luís Montenegro apresentou "medidas que só terão efeito daqui a 10 ou 15 anos".
"O discurso de ontem foi a assunção clara da incapacidade e da falta de resposta deste Governo para os problemas que hoje estamos a sentir na Saúde", acrescentou.
Sobre o anúncio do passe ferroviário de 20 euros, o socialista considerou que a medida já estava "aprovação no Orçamento do Estado para 2024" e que carecia apenas de "implementação". Já sobre o subsídio extraordinário para as pensões mais baixas, Pedro Nuno Santos afirmou que, se o Governo "quisesse resolver problemas estruturais dos mais velhos", teria feito um aumento "permanente", uma vez que em causa está um "aumento que se repete apenas num mês".
"Retiro desta medida uma conclusão: o Governo quer, está convencido, que precisa de ter umas eleições antecipadas. É a única razão para esta medida", atirou, considerando que o anúncio tem um "objetivo eleitoral".
Disse ainda que as medidas anunciadas por Montenegro são "uma fuga do Governo". "Aquilo que se tem verificado nestes meses é que o Governo não sabe governar", referiu.
Negociações para o Orçamento do Estado?
Questionado sobre as negociações para o Orçamento do Estado para 2025, Pedro Nuno Santos, atirou: "Tem sido colocada uma pressão sobre o Partido Socialista, no que diz respeito ao Orçamento do Estado, que é inaceitável. O Partido Socialista perdeu as eleições, está na oposição, não chateiem o PS".
"Celebraram no país inteiro uma viragem à Direita, então a Direita que hoje é, claramente, maioritária, que resolva o problema", acrescentou.
Ainda sobre o Orçamento do Estado para 2025, Pedro Nuno Santos recusou "viabilizar" o documento "de olhos fechados". "Comigo a liderar o PS, nós não somos muleta do PSD. Nós não aprovamos Orçamentos de olhos fechados. Isso não existe", garantiu.
Sublinhe-se que o presidente do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro, discursou, na quarta-feira, na 'rentrée política' do partido, onde anunciou três novas medidas de governação, entre as quais novas vagas no curso de Medicina, um subsídio extraordinário de pensões e um passe ferroviário de 20€.
[Notícia atualizada às 19h21]
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