Francisco Rodrigues dos Santos, antigo líder do CDS-PP, considerou, este sábado, que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, "se tem empenhado em construir um Governo à prova de eleições", ironizando que o chefe do Executivo se tornou "um comunicador de ideias felizes e de coisas boas para os portugueses", mas com "pontaria afinada e certeira".

Em declarações na CNN Portugal, o centrista começou por comentar a Festa do Pontal, rentrée política do PSD, marcada pelos anúncios de Montenegro. 

"Esta Festa do Pontal mais se poderia chamar Festa do Ponteiro, tal é a pontaria afinada e certeira que Luís Montenegro utiliza para apontar ao centro, qual jogo dos dardos", começou por dizer, em declarações na CNN Portugal.

"É lá que se ganham mais pontos e Luís Montenegro sabe também que é lá que se situam as bases sociais de apoio que dão maiorias na alternância de poder ao centro-esquerda e ao centro-direita. Neste caso, piscando o olho, principalmente, aos pensionistas", acrescentou.

Nesta senda, ironizou: "Eu acho é que cada português, cada vez que vê Luís Montenegro subir a um púlpito, parece que começa a tocar aquela versão do 'Santa Claus It's Coming to Town'".

"Parece que quase nos perfilamos em frente a televisão, de dedos entrelaçados, tom suplicante e quase temente, esperando sermos felizes contemplados com um bónus que o primeiro-ministro tem para oferecer porque, de facto, tornou-se um comunicador de ideias felizes e de coisas boas para os portugueses", sublinhou.

Para Francisco Rodrigues dos Santos, Luís Montenegro tem-se "empenhado em construir um Governo à prova de eleições". 

"Conseguiu acordos com professores, militares oficiais de justiça, com alguns sindicatos na área da saúde e tem demonstrado um bocadinho ser o António Costa pintado de cor de laranja, que é ser um bom gestor de poder. Ainda não ascendeu à categoria de estadista, porque para isso precisa de ter uma visão estratégica e uma visão estrutural para o país, que não apresentou ainda nenhuma", notou.

"Mas a verdade é que tem conseguido perceber que o poder não se ganha, perde-se, e tem estado bastante apostado em conservar esse poder", considerou.

Sobre o "incómodo" do Partido Socialista (PS), o antigo deputado entende que o partido liderado por Pedro Nuno Santos está "encostado às cordas". 

"O PS olha para Luís Montenegro como quem olha para um matriosca de medidas, não param de surgir medidas. Lidera, de facto, a comunicação política e a agenda legislativa do país. O PS, neste momento parece-me está encostado às cordas, porque pode criticar as medidas, mas acho que não tem como não as votar e esse é que é o ponto fundamental, porque elas significam medidas que se pagam a si próprias a nível eleitoral, que o PS não pode discordar", completou.

Recorde-se que, na noite de quarta-feira, o primeiro-ministro anunciou várias medidas, incluindo um  suplemento extraordinário para pensões mais baixas. Deverá ser aplicado em outubro e irá variar entre os 100 e 200 euros. 

Leia Também: Primeiro-ministro diz que Governo "pedala com responsabilidade"