Chefe de gabinete de Lacerda garante: "Secretária não agenda consultas"

Tiago Gonçalves argumentou, também, que "uma secretária pessoal não tem autonomia para fazer agendamento de consultas".

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José Miguel Pires com Lusa
04/10/2024 16:22 ‧ 04/10/2024 por José Miguel Pires com Lusa

Política

Caso das gémeas

Tiago Jorge Carvalho Gonçalves, chefe de gabinete do ex-secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales assegurou, esta sexta-feira, que não foi o responsável pela marcação da primeira consulta médica das gémeas luso-brasileiras que foram tratadas no Serviço Nacional de Saúde com o medicamento Zolgensma.

 

"Nunca dei nenhuma orientação a nenhum membro do secretariado ou a qualquer membro do gabinete para marcar uma consulta médica", assegurou, em resposta ao deputado do CDS-PP João Almeida, durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito (CPI) ao caso.

Na mesma audição, Tiago Gonçalves também assegurou que "uma secretária pessoal não tem autonomia para fazer agendamento de consultas", e que Carla Silva - secretária de Lacerda Sales na altura dos factos, que chegou a descrever-se a si mesma como um "bode expiatório" - só poderia tomar tal decisão "mediante instrução superior". "Só vejo uma pessoa com responsabilidade para o fazer, que é o membro do Governo", sublinhou, em resposta à deputada do Bloco de Esquerda Marisa Matias. 

Na Assembleia da República, o chefe de gabinete do antigo secretário de Estado da Saúde defendeu que não fez "parte" da marcação desta consulta, que tem sido alvo de forte polémica neste caso, pois Lacerda Sales é apontado como o responsável pela mesma. Confirmou que conhece Carla Silva e que não tem nada "a apontar do ponto de vista profissional, nem de competência, nem de lealdade".

A 20 de setembro, Carla Silva disse no parlamento que não fez nada que Lacerda Sales não soubesse, revelando que teve orientações para contactar Nuno Rebelo de Sousa (filho do Presidente da República) e o hospital.

No entanto, Tiago Gonçalves disse à deputada da Iniciativa Liberal Joana Cordeiro que o ex-secretário de Estado da Saúde lhe perguntou "se tinha dado alguma indicação para ser marcada uma consulta", o que negou.

O ex-chefe de gabinete de Lacerda Sales disse também que o filho do Presidente da República, Nuno Rebelo de Sousa, o contactou para agendar uma reunião com o ex-governante, no âmbito da hospitalização privada brasileira, recordando que o tema das gémeas não foi abordado na altura.

"Confirmo que Nuno Rebelo de Sousa me procurou para marcar uma reunião com o secretário de Estado da Saúde. Solicitei ao secretário de Estado essa reunião e transmiti a data e hora, tendo em conta ao que era habitual", recordou.

Aos deputados, Tiago Gonçalves referiu que esteve presente na reunião de 07 de novembro de 2019 e que o teor da discussão foi a "mobilidade e o intercâmbio de profissionais de saúde" na hospitalização privada.

O ex-responsável pelo gabinete de Lacerda Sales também confirmou que o antigo assessor do Presidente da República para a área da Saúde teve contacto com o ex-governante, mas disse desconhecer "o teor das conversas" e que era habitual.

"Tenho essa memória de o ter encontrado" no Ministério da Saúde, sublinhou, referindo-se a um encontro entre Mário Pinto e Lacerda Sales.

Respondendo às questões dos deputados ao longo de uma hora e meia, Tiago Gonçalves reiterou que nunca teve contacto com Nuno Rebelo de Sousa e o Hospital de Santa Maria, e que apenas soube do caso das gémeas pela comunicação social.

Antes da audição do ex-chefe de gabinete de Lacerda Sales, a comissão aprovou por unanimidade os depoimentos escritos dos antigos ministros socialistas da Saúde Manuel Pizarro e da Justiça Francisca Van Dunem.

Também foram aprovados os pedidos de testemunho por escrito da ex-secretária geral da saúde Sandra Almeida, do fisioterapeuta das crianças em Portugal, Miguel Gonçalves, e da neuropediatra da Unidade Local de Saúde do Algarve Carla Mendonça.

A comissão aprovou ainda por unanimidade o requerimento do PSD para prescindir da audição do presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde de Santa Maria, Carlos Martins.

[Notícia atualizada às 17h41]

Leia Também: Gémeas. CPI prescinde ouvir Pizarro e Van Dunem mas pede resposta escrita

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