Estas posições constam da proposta global apresentada pela Comissão Política do BE e que será votada no domingo na V Conferência Nacional, no próximo fim de semana no Porto sob o lema "Socialismo de Futuro".
"Somos oposição ao Governo do capitalismo rentista e às suas escolhas e estaremos na frente de qualquer combate à extrema-direita. Denunciamos qualquer conciliação do PS e saberemos fazer as alianças necessárias no combate à direita e à extrema-direita. Esta clareza tática só é possível com firmeza sobre o horizonte estratégico. Não colocamos o Socialismo na gaveta, nem deixamos de lutar por ele a cada momento", lê-se.
Classificando o Governo PSD/CDS-PP como um executivo "de contrarreformas", o BE considera que "a estratégia do «extremo centro» de Luís Montenegro destaca-se pela adoção de um programa radical de direita neoliberal destinado a favorecer as elites e o poder económico, integrando também elementos do discurso e das políticas da extrema-direita".
Para o BE, que anunciou o voto contra o OE 2025, o documento "traduzir-se-á no desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde, no aumento dos preços da habitação, no enfraquecimento dos serviços públicos e mais em desigualdade na distribuição de riqueza e rendimentos".
"Depois de um percurso marcado pela ambiguidade e incoerência, e apesar de não ter chegado a acordo com o Governo, o PS anunciou a viabilização do Orçamento que, segundo o primeiro-ministro, aplica o programa de Governo do PSD", critica a direção do BE, considerando que os socialistas deram "oxigénio a um governo de direita que pretende «regular» as políticas mais radicais vindas dos extremos conservadores e radicais da direita".
Para o BE, "a banalização dos programas de direita que reduz o confronto político à negociação de pequenas medidas orçamentais, que vem a par da diabolização das alternativas à esquerda, menoriza e afunila a democracia, escancarando as portas à extrema-direita".
"O Bloco nasceu contra esse rotativismo do centrão e afirma-se nas lutas contra a extrema-direita com um projeto alternativo para a sociedade portuguesa", lê-se.
Quanto às autárquicas de 2025, a Comissão Política do BE afirma que "procurará, sempre que possível, criar alianças sociais em projetos locais de transformação política à esquerda, alternativos à governação autárquica do PS e do PSD".
"Suportado em bases programáticas predefinidas em torno dos temas da habitação, do acesso a serviços públicos e da transformação climática, as concelhias do Bloco de Esquerda avaliarão as condições e proporão à Mesa Nacional coligações pré-eleitorais com outras forças progressistas, ecologistas e de esquerda", lê-se.
O BE adianta que já foram iniciados "diálogos concretos a nível concelhio, nomeadamente com o Livre".
No caso de Lisboa, o BE acompanha "com abertura" a vontade "publicamente demonstrada por parte de várias forças políticas, entre as quais o PS, para iniciar um processo de constituição de uma candidatura alargada que derrote a política de Carlos Moedas" na capital do país.
"A avaliação desta candidatura, que deve representar mais que a mera soma de partidos, está sujeita aos mesmos critérios programáticos acima enunciados, bem como à existência de protagonistas capazes de os concretizar", avisam os bloquistas.
Alguns membros da oposição interna apontam para uma falta de democracia no partido, sendo esta uma das prioridades de ação futura assumidas pela Comissão Política do BE, que reconhece "a importância das bases do partido, organizadas em núcleos e concelhias, na sua riqueza, diversidade e vivência dos contextos reais do país".
A importância da mobilização popular e a participação em movimentos sociais são outras das prioridades elencadas.
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