Na moção política aprovada pela XVI Convenção do PEV, que se realizou este fim de semana, em Setúbal, o partido considera que a CDU se tem "demonstrado uma experiência muito positiva de convergência entre partidos que, tendo posicionamentos diferentes em relação a várias matérias, encontram entendimento e identificação conjunta em questões centrais".
"A apresentação ao eleitorado da coligação PCP-PEV é a forma mais leal e direta de se assumir que estamos dispostos a promover um processo de transformação em conjunto, e de gerar entendimentos necessários, sempre em respeito e defesa pelos nossos princípios e valores, par a mudança necessária", lê-se.
O PEV salienta que o próximo ato eleitoral são as autárquicas de 2025 e considera que a CDU deve "desde já, iniciar a preparação do próximo ato eleitoral, designadamente através da ampla divulgação do seu projeto diferenciador de desenvolvimento local", defendendo que a coligação "faz, de facto, a diferença e é a força imprescindível para combater os efeitos tão perversos de um sistema injusto".
"Importa, assim, que a CDU resista e se reforce, justamente para ter mais força, mais voz e mais influência", destaca-se.
Neste documento, o partido avança também com propostas em várias áreas, com particular destaque para o ambiente, pedindo que se elabore em 2025 um Plano Nacional para o Restauro da Natureza e se "utilize os parques industriais e empresariais, os parques de estacionamento público e privados, assim como os telhados em geral, para instalação de painéis fotovoltaicos, impedindo o abate de árvores".
O PEV propõe também que se impeça a pesquisa e exploração de lítio "em zonas sensíveis ou com forte impacto nas populações residentes", se estabeleça a meta de atingir, em 2040, uma produção de eletricidade baseada a 100% em energias renováveis e se "reponha a ligação ferroviária à Europa".
Além do ambiente, o partido quer também que se fixe o salário mínimo nacional nos 1.000 euros em 2025, se dedique 1% do PIB à cultura e se garanta que 12% da oferta de habitação no país corresponda a oferta pública.
Sobre as legislativas de março, o PEV manifesta "grande preocupação" com os resultados eleições, considerando que a Assembleia da República "ficou esvaziada do projeto ecologista português".
Para o PEV, os partidos que se apresentaram "com o rótulo ecologista" padecem "de um problema incontornável, uma vez que não defendem uma rutura com o sistema dominante causador dos problemas ambientais estruturais, mas apenas medidas minimizadoras".
"Por outro lado, depois da desastrosa maioria absoluta do PS, não só a direita voltou a formar governo, como a extrema-direita obteve uma elevada representação parlamentar. O PEV atribui a este resultado um claro descontentamento dos eleitores em relação à situação do país, tão difícil e com escassas perspetivas de futuro", lê-se.
Além destas críticas, que constam na moção aprovada, a Convenção do PEV serviu também para alguns dirigentes criticarem a proposta de Orçamento do Estado apresentada pelo Governo, considerando que dá benesses "ao setor empresarial e industrial" e "aos jovens de famílias com elevados rendimentos", mas não dá respostas "para inverter o rumo de desigualdades sociais".
"Para esse peditório, a direita parece nem precisar de populistas, porque o PS já lhe foi dando a mão, com a abstenção, não sabemos se violenta se pacífica. A verdade é que viabilizou o Orçamento do Estado para 2025 na generalidade e, muito provavelmente, passará ao Governo aquilo que em rigor será um verdadeiro cheque em branco", acusou o dirigente do partido Tiago Aldeias.
Leia Também: CDS-PP quer crescer nas autárquicas e desafia jovens a candidatarem-se