No requerimento, a que a agência Lusa teve hoje acesso, os deputados do PSD requerem à comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão a audição da administração do grupo Coindu - Componentes Para a Indústria Automóvel, S.A, da comissão de trabalhadores, dos secretários de Estado da Segurança Social e, do Trabalho.
Na segunda-feira, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) revelou à agência Lusa o encerramento da fábrica de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo e, o despedimento dos 350 trabalhadores.
Segundo o SIMA, a decisão acontece cerca de um mês após a compra da empresa pelo grupo italiano Mastrotto.
"Este processo foi levado a cabo sem qualquer informação e consulta aos trabalhadores, numa completa ilegalidade sem que qualquer ação das autoridades competentes", destacou o SIMA.
Na altura, a Lusa contactou a administração da Coindu, mas nunca obteve resposta.
No pedido de audição, o PSD refere que "quer pela especificidade do processo quer pela dimensão do número de trabalhadores que verão os seus vínculos de trabalho rescindidos (...) o assunto deve ser alvo de análise".
"Cumprindo os desígnios do programa deste Governo, importa garantir em situações desta dimensão que o poder político e os serviços da administração pública estão preparados para dinamizar e articular devidamente as respostas necessárias, para que rapidamente os trabalhadores em situação de desemprego encontrem um novo projeto profissional", refere o documento.
O requerimento, que deu entrada na quinta-feira na Assembleia da República, assinado pelos deputados Emília Cerqueira, eleita pelo distrito de Viana do Castelo, Isaura Morais, Carla Barros e João Antunes dos Santos destaca que "a proteção social deve ser célere para que nenhum trabalhador fique sem apoio, pugnando o Estado para que todos vejam os seus direitos serem respeitados, na certeza de que este Governo deverá operar os mecanismos legalmente aplicáveis, através das entidades, serviços públicos, de proximidade".
Na terça-feira, em comunicado publicado na terça-feira na sua página oficial de Internet, o grupo Coindu justificou o encerramento da fábrica com a "deterioração gradual das suas condições financeiras, fruto das condições do mercado"
"Esta decisão surge na sequência de uma avaliação aprofundada das condições de mercado e das oportunidades de negócio, o que tornou insustentável a continuação da atividade desta unidade. Nos últimos anos, o setor automóvel vem a sofrer uma crescente e profunda transformação, marcada pelo declínio significativo da procura pós-pandemia e pelo aumento da pressão competitiva dos mercados com custos de mão-de-obra mais baixos, nossos concorrentes diretos", refere.
Segundo o grupo, "esta situação conduziu a uma redução gradual dos projetos atribuídos à unidade nos Arcos de Valdevez", especializada no 'design' e produção de componentes interiores para automóveis.
"Apesar dos intensos e prolongados esforços, infelizmente não foi possível garantir novas oportunidades de negócio para manter esta fábrica ativa", acrescenta António Cândido, destacando que "a entrada do Gruppo Mastrotto visa estrategicamente estabilizar a situação, aumentar a competitividade da Coindu e abrir novas oportunidades internacionais".
Em 15 de outubro, o Gruppo Mastrotto, fundado em 1958 na Itália, anunciou, em comunicado, a aquisição de "uma participação maioritária na Coindu - Componentes Para A Indústria Automóvel, SA., por meio de uma contribuição de capital para apoiar o relançamento do negócio".
A Coindu referia ainda que "a principal fábrica portuguesa, em Joane, Vila Nova de Famalicão, continuará as suas operações, com foco nos segmentos 'premium' do mercado automóvel, onde está localizado o centro de inovação tecnológico e o 'headquarter' do grupo Coindu".
Em Portugal, a Coindu, fundada em 1988, tem unidades fabris em Arcos de Valdevez e em Joane, Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga.
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