"O Livre deixa muito claro: este orçamento não serve, não traz progresso na ecologia e votaremos contra este orçamento de retrocesso", afirmou Isabel Mendes Lopes, no encerramento do debate da proposta orçamental para o próximo ano que é hoje submetida a votação final global, mantendo a votação que já tinham feito na generalidade.
A deputada do Livre acusou o Governo do PSD/CDS-PP de "não ter os pés assentes na terra" e considerou que este orçamento do Estado tem as prioridades todas ao contrário".
"Em vez de garantir mais justiça fiscal para toda a gente, escolhe descer o IRC e dar uma borla fiscal a grandes empresas e a quem mais pode, abdicando de 300 milhões de euros já para o ano e de 1.500 milhões de euros de receita todos os anos se descessem para a taxa de IRC que o Governo deseja. Em vez de usar esse valor para transformar o país numa economia do conhecimento, da inclusão e da descarbonização, para erradicar a pobreza, mantém o paradigma dos salários baixos e do baixo valor acrescentado", criticou.
Isabel Mendes Lopes garantiu que o Livre "continuará a lutar todos os dias para orçamentos e propostas sociais, ecológicas e de inovação", salientando que foi o que o partido fez no processo na especialidade.
A líder parlamentar do Livre salientou que os deputados da sua bancada "respeitam muito" o mandato que lhes foi conferido e "mesmo perante todas as dificuldades" bateram-se por aprovar propostas de alteração.
Apesar de algumas medidas aprovadas, como o alargamento do regime de crédito bonificado a familiares de pessoas com deficiência, a "melhoria das condições laborais dos doutorados que hoje são discriminados na FCT e nos laboratórios do Estado" ou ainda um estudo para o impacto da menopausa, entre outras, Isabel Mendes Lopes lamentou que neste orçamento "o progresso tenha ficado na gaveta".
"A direita e a extrema-direita, com a complacência do Partido Socialista, decidiram rejeitar propostas como o aumento do abono de família, essencial para combater a pobreza infantil, ou como «herança social» que permitiria a todas as pessoas nascidas em Portugal aos 18 anos, poderem ter um pé de meia para começar as suas vidas, a sua vida adulta, com mais possibilidades, criar uma empresa, dar entrada para uma casa ou para garantir que não estão sempre a contar questões", criticou.
Isabel Mendes Lopes disse estar consciente de que "o progresso demora a construir e que uma maioria direita não deseja o progresso", acusando o Governo de ser "muito mais hábil na propaganda do que a governar".
"Este parlamento não quer sequer estudar a possibilidade de taxar grandes fortunas, como também não quiseram continuar a estudar a semana de quatro dias de trabalho, provavelmente porque sabem que os resultados não são aquilo que querem, mas nós cá estaremos e cá continuaremos a lutar", assegurou.
[Notícia atualizada às 13h02]
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