Livre confronta Montenegro com afirmações de Gandra d'Almeida sobre SNS

O Livre confrontou hoje o primeiro-ministro com declarações alegadamente proferidas pelo diretor executivo do SNS em Atenas, em que terá dito que o sistema público deveria apenas tratar de casos mais graves, mas Luís Montenegro afirmou desconhecê-las.

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© Leonardo Negrão/Global Imagens

Lusa
11/12/2024 17:55 ‧ há 2 horas por Lusa

Política

Assembleia da República

Falando no debate quinzenal na Assembleia da República, a líder parlamentar do Livre referiu que hoje, na capital da Grécia, António Gandra d'Almeida defendeu que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tenta dar resposta "à recuperação dos doentes em estado mais grave, os casos mais sérios".

 

"Tudo o resto vai para os privados, porque o SNS não é suficiente para dar resposta às necessidades", disse Isabel Mendes Lopes, citando o diretor executivo nomeado por este Governo.

Isabel Mendes Lopes quis depois saber se Luís Montenegro subscreve estas declarações e se está em consonância com a perspetiva do diretor executivo do SNS.

"Ou há aqui um desalinhamento entre o Governo e o seu diretor Executivo do SNS? Do ponto de vista do Livre, as afirmações proferidas hoje em Atenas confirmam aquilo que temos vindo a denunciar: O Governo tem feito, na prática, um convite à privatização de uma parte substancial do SNS", completou.

Na resposta, o primeiro-ministro disse que não tinha ouvido a intervenção do diretor executivo do SNS, razão pela qual não podia pronunciar-se sobre a questão, mas adiantou que conhece o pensamento de António Gandra d'Almeida, "que corresponde ao pensamento do Governo".

A seguir, deixou uma garantia: "A trave mestra principal do nosso sistema de saúde é o SNS". Acrescentou mesmo estar convencido de que, nesta matéria, "não há qualquer querela na sociedade portuguesa".

"Tentaremos dar no SNS todas as respostas que são necessárias para atender às necessidades dos utentes da saúde. Tentaremos sempre valorizar os equipamentos, os profissionais e a gestão das unidades de saúde do perímetro do Estado. E essa é a nossa prioridade", acentuou.

No entanto, de acordo com o primeiro-ministro, é também importante que haja complementaridade com os setores social e privado.

"Temos de hierarquizar respostas e de fazer uma gestão em complementaridade com a capacidade instalada nos setores social e privado, de modo a responder às necessidades das pessoas. Quando não temos capacidade [de resposta], não podemos deixar as pessoas entregues à sua sorte" justificou.

Na sua resposta, Luís Montenegro recusou travar um debate ideológico em torno do sistema de saúde em Portugal.

"Não há nenhuma querela. As portuguesas e os portugueses olham para esse debate e dizem: Os senhores estão a falar do quê, só quero um médico quando preciso, só quero uma cirurgia quando preciso, só quero uma resposta quando preciso", acrescentou.

A fechar o debate, Isabel Mendes Lopes citou alguns especialistas na área da saúde para procurar provar a sua tese de que há desinvestimento no SNS, sobretudo em benefício do setor privado.

"Reforçar o privado e não investir no SNS faz com que o privado deixe de ser complementar, como deveria ser, e seja concorrencial, que é exatamente o que não deveria ser. Mas, na verdade, já é um mercado concorrencial, o que é muito penalizante para os cidadãos", contrapôs a líder parlamentar do Livre.

Leia Também: Montenegro não vai "cortar em serviços públicos" para aumentar na Defesa

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