"A Iniciativa Liberal está preparada para eleições e entende que este impasse em que vivemos só pode ser resolvido através de novas eleições", declarou após uma audiência com o representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, que hoje recebe os sete partidos com representação na Assembleia Legislativa na sequência da queda do Governo Regional, pela aprovação, na terça-feira, da moção de censura apresentada pelo Chega.
Sobre o cenário de eleições antecipadas, o dirigente liberal vincou que "a IL dificilmente integrará qualquer coligação", tanto antes como após o ato eleitoral.
"Nós não antevemos integrar nenhuma coligação do Governo, nem fazer parte ativa de uma coligação governativa, até porque também penso que já ficou claro que a Iniciativa Liberal não está aqui por cargos nem por privilégios", reforçou.
Também um acordo de incidência parlamentar "será difícil", acrescentou, considerando que "pode equivaler a um cheque em branco".
Gonçalo Maia Camelo sublinhou, no entanto, que a IL "não é, nem nunca será, uma força de bloqueio".
"Nós queremos contribuir para as soluções governativas, nós encaramo-nos e queremos que o eleitorado nos encare como um partido moderado e responsável e, portanto, tentaremos ser capazes de interpretar a vontade dos madeirenses e de, em função dessa vontade dos madeirenses, encontrar uma solução de estabilidade para a Madeira", afirmou.
Considerou também que, se num cenário de pós-eleições a composição parlamentar for idêntica e o Governo Regional continuar instável, "isso quer dizer que o doutor Miguel Albuquerque [presidente do Governo Regional] e o PSD também não aprenderam nada".
O liberal apontou que Albuquerque e o PSD são responsáveis por esta crise política e defendeu que "não podem exigir aos partidos da oposição, que também assumem compromissos com o seu eleitorado, que aceitem tudo o que lhes é proposto pelo PSD".
Gonçalo Maia Camelo admitiu, por outro lado, que "era mais fácil" para a IL a viabilização de um executivo do PSD que não incluísse Miguel Albuquerque.
O dirigente indicou ainda que, "à partida", será o cabeça de lista da IL/Madeira às possíveis novas eleições. O partido está atualmente representado no parlamento insular por um deputado único, Nuno Morna, ex-coordenador da IL regional.
Em novembro, o Chega, que tem quatro deputados num universo de 47 lugares no hemiciclo, justificou a apresentação da moção de censura com as diferentes investigações judiciais envolvendo o presidente do executivo e da estrutura regional do PSD, Miguel Albuquerque, e quatro secretários regionais, todos constituídos arguidos este ano.
A moção de censura recebeu os votos a favor de toda a oposição - PS, JPP, Chega, IL e PAN, que juntos reúnem 26 eleitos, ultrapassando assim os 24 necessários à maioria absoluta -, enquanto o PSD (19 deputados) e o CDS-PP (dois deputados), partidos que têm um acordo parlamentar, votaram contra.
Antes, em 09 de dezembro, a oposição na Assembleia Legislativa tinha também votado em bloco contra as propostas de Orçamento e Plano de Investimento para 2025, pelo que a região entra no novo ano em regime de duodécimos.
A aprovação da moção de censura, já publicada em Diário da República, uma situação inédita na região autónoma, implicou a queda da XV Governo da Madeira, que estava em funções desde 06 de junho deste ano.
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