"O pensamento do PAN é que o mais legítimo é irmos para um cenário de eleições antecipadas, as pessoas poderem voltar a ter voz e decidir aquilo que pretendem para o futuro da região", explicou.
Mónica Freitas, também deputada única do partido no parlamento regional, falava aos jornalistas após uma audiência com o representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, que hoje ouviu os sete partidos com representação na Assembleia Legislativa na sequência da queda do executivo, com a aprovação, na terça-feira, da moção de censura apresentada pelo Chega.
"Dada a situação atual, não existe capacidade, nem forma, de ter uma outra alternativa que não envolva efetivamente o cenário de eleições e, portanto, em princípio será esse o caminho que a Madeira irá tomar neste momento", disse, reconhecendo, no entanto, que a sequência de eleições na região está a gerar cansaço na população.
"É verdade que temos tido eleições quase de seis em seis meses, é verdade também que sabemos que existe algum cansaço por parte da população nesse sentido e também para as estruturas [dos partidos] não é fácil para nos reorganizar e conseguir gerir todas estas campanhas eleitorais", admitiu.
Mónica Freitas realçou, porém, que o PAN está preparado para o cenário de eleições antecipadas e para manter o trabalho na defesa das causas que representa, designadamente as pessoas, os animais e a natureza.
A porta-voz da estrutura regional do partido manifestou-se disponível para encabeçar novamente a lista e garantiu que o PAN vai concorrer sozinho, sublinhando que, após o ato eleitoral, "é fundamental os partidos saberem trabalhar em conjunto e dialogar", tendo em consideração que "a era das maiorias absolutas acabou".
O PAN não sugeriu ao representante da República qualquer data para a realização das legislativas antecipadas, mas defendeu que "quanto mais rápido melhor".
"Sabemos que devido à falta de Orçamento, quanto mais rápido melhor, para conseguirmos ganhar novamente essa estabilidade e podermos trabalhar para o desenvolvimento da região", disse, assegurando que "seja qual for a data, o PAN estará preparado para se apresentar a eleições".
A moção de censura ao executivo madeirense apresentada pelo Chega foi aprovada na terça-feira com os votos a favor de toda a oposição - PS, JPP, Chega, IL e PAN, que juntos reúnem 26 eleitos, ultrapassando assim os 24 necessários à maioria absoluta -, enquanto o PSD (19 deputados) e o CDS-PP (dois deputados), partidos que têm um acordo parlamentar, votaram contra.
Antes, em 09 de dezembro, a oposição na Assembleia Legislativa tinha também votado em bloco contra as propostas de Orçamento e Plano de Investimento para 2025, pelo que a região entra no novo ano em regime de duodécimos.
Em novembro, o Chega, que tem quatro deputados num universo de 47 lugares no hemiciclo, justificou a apresentação da moção de censura com as diferentes investigações judiciais envolvendo o presidente do executivo e da estrutura regional do PSD, Miguel Albuquerque, e quatro secretários regionais, todos constituídos arguidos este ano.
A aprovação da moção de censura, já publicada em Diário da República, uma situação inédita na região autónoma, implicou a queda da XV Governo da Madeira, que estava em funções desde 06 de junho deste ano.
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