"A única coisa que eu sugeri, e sou conselheiro de Estado, é para isso que me pagam, é para isso que eu fui eleito, é tornar o Conselho de Estado um órgão útil e não um órgão em que estejam ali um conjunto de pessoas com mais de não sei quantos anos a dizer o que lhes passa pela cabeça que não interessa a ninguém e a não acrescentar nada à vida do país", afirmou.
Em declarações aos jornalistas na freguesia de Marvila, em Lisboa, André Ventura disse querer tornar o Conselho de Estado num "órgão que interessa à vida do país".
"É uma ajuda que eu estou a dar ao Presidente da República, é dizer 'vamos dizer alguma coisa às pessoas, vamos fazer um Conselho de Estado que trate sobre a insegurança que eles estão a viver no dia a dia e vamos no fim dar uma mensagem do que é que podemos fazer ou o que é que sugerimos'", defendeu, apelando ao chefe de Estado que use a sua magistratura de influência para que o Governo tome mais ações.
André Ventura escreveu ao Presidente da República sugerindo que convoque uma reunião do Conselho de Estado focado no tema da segurança. Na quinta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa enviou a carta aos restantes membros daquele órgão, para "transmitirem o que tiverem por conveniente".
Hoje, o presidente do Chega saudou "a disponibilidade do Presidente da República para a eventual convocação de um Conselho de Estado" e voltou a dramatizar, falando num "ambiente brutal de insegurança" e denunciando que na terça-feira "voltaram a existir ataques contra autocarros, nomeadamente disparos contra autocarros" em Lisboa.
Na altura, o presidente do Chega foi questionado também sobre a polémica em torno da secretaria-geral do Governo e a tutela ter sido delegada no ministro da Presidência, António Leitão Amaro.
André Ventura considerou que o Governo sai deste processo "com uma imagem muito fragilizada" e disse esperar que o "Ministério Público não deixe de investigar este caso".
O líder do Chega considerou que Hélder Rosalino - escolhido para secretário-geral mas que se mostrou indisponível após as críticas de vários partidos - iria "receber um salário que evidentemente era pornográfico e imoral", de quase 16 mil euros.
Ventura indicou também que o partido vai propor no parlamento que "ninguém no Estado possa ganhar mais do que o Presidente da República", aplicando-se a "todos os órgãos do Estado".
O presidente do Chega esteve hoje na freguesia de Marvila, onde estava previsto que fizesse um percurso para ver zonas com lixo acumulado na sequência da greve dos trabalhadores da higiene urbana, que terminou na quinta-feira.
No entanto, não eram visíveis resíduos na rua e André Ventura não fez essa visita. Quando chegou ao ponto de encontro comunicado pela assessoria do partido fez declarações aos jornalistas, depois cumprimentou e falou com alguns moradores da zona, que lhe transmitiram os seus problemas, na sua maioria relacionados com habitação municipal, que o líder do Chega pediu a essas pessoas que deixassem os seus contactos aos autarcas do partido, prometendo acompanhar as várias situações.
Ventura acusou a Câmara Municipal de ter retirado propositadamente o lixo acumulado na via pública antes da sua visita para esconder a situação, considerando que "é uma atitude mesmo desprezível" e que "não há mais eleitoralista que isto, não há mais baixo que isto, não há mais tentativa de esconder a realidade do que isto".
"Acho que é uma atitude absolutamente inacreditável que seja preciso um político vir ao local para que os poderes públicos façam o que têm de fazer, que é arranjar forma de retirar o lixo das ruas das pessoas", defendeu.
Considerou também que o município liderado por Carlos Moedas foi "incapaz de gerir este dossiê" e acusou o PSD de "pequenez política".
Questionado sobre as eleições autárquicas, André Ventura afastou uma candidatura à Câmara Municipal de Lisboa e indicou que o Chega apresentará "um candidato conhecedor dos dossiês de Lisboa, conhecedor da realidade de Lisboa".
[Notícia atualizada às 19h32]
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